“Lula ladrão” no megafone faz ministro usar todo aparato da Justiça e mulher será investigada!

Por Victório Dell Pyrro

Em tempos em que a inflação dá uma trégua, o desemprego segue alto, e a segurança pública continua firme, firmíssima, SQN (Só Que Não), o Ministério da Justiça decidiu priorizar o que realmente importa: investigar uma mulher que ousou proferir a frase “Lula ladrão” com um megafone, nos arredores da casa do ex-presidiário presidencial. Afinal, nada mais ameaçador à estabilidade institucional do que uma dona de casa barulhenta em Pinheiros.

O ministro Ricardo Lewandowski, outrora guardião da Constituição, hoje defensor da paz auditiva em bairros nobres de São Paulo, enviou à Polícia Federal um ofício solicitando a abertura de inquérito. O crime? Não, não é tráfico de influência, nem rachadinha, nem desvio de verba pública. É megafonia ofensiva, uma nova tipificação penal ainda em fase de tramitação na Comissão de Sentimentos Feridos de Lula e seus aliados.

A mulher, sem antecedentes, sem rede de corrupção e aparentemente sem noção do buraco em que se metia, apenas passou de carro gritando “Lula ladrão!”. Talvez pensasse estar apenas exercendo seu direito à liberdade de expressão. Ingênua. Não sabia que em 2025, dizer isso em voz alta virou quase um atentado contra a República Federativa do Brasil — ou ao menos contra a paciência presidencial de quem atualmente exerce esse poder, independentemente de Lavas Jatos, Mensalões ou confederações que sugam o minguado salário de aposentados e doentes do INSS.

Após o gravíssimo ocorrido ao megafone, a PF, em missão claramente proporcional à gravidade do caso, anotou a placa do carro, identificou a criminosa sonora e foi até sua residência colher depoimento. Ela, audaciosa, confessou: “Sou dona de casa. Achei que não fosse dar problema.” A PF, com a serenidade de quem persegue delinquentes de alto calibre, não deu detalhes da operação, claro — talvez para não comprometer a investigação de alto sigilo nacional ou quem sabe vergonha mesmo do mico a que é submetida. Mico não, King Kong na minha visão.

De acordo com o Código Penal, gritar “Lula ladrão” pode ser enquadrado como calúnia, difamação e injúria. E se for contra uma autoridade, a pena sobe: de três meses a quatro anos de reclusão, ou o equivalente a 1.460 dias sem megafone.

A pergunta que paira no ar, com todo o eco de um alto-falante: e se a mulher tivesse gritado “Bolsonaro genocida”? Teria o mesmo destino? Ou será que o microfone da justiça tem seletor de frequência partidária ou distingue quem usa e quem não usa baton ao se manifestar?

Lewandowski, sempre elegante, optou pelo silêncio institucional. Mas os bastidores garantem: megafones agora serão fiscalizados com mais rigor que contrabando em aeroporto. Afinal, numa democracia madura, o verdadeiro inimigo não é a corrupção, nem o crime organizado — é o decibel ideológico fora de hora.

E assim seguimos. Enquanto o Brasil tropeça em velhos problemas, pelo menos podemos dormir tranquilos: o Ministério da Justiça está em guerra contra o barulho.


*Nota da redação: A senhora do megafone ainda não foi presa. Mas, se condenada, pode receber um benefício com a pena máxima: não ter que ouvir as próximas horas de discursos recheados de falsas promessas presidenciais em cadeia nacional.


Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *