Segundo maior diamante do Brasil é encontrado em Minas e vale R$ 16 milhões

O diamante bruto, de 646 quilates, é o segundo maior já registrado no Brasil e reforça tradição mineradora de cidade do Alto Paranaíba

Um diamante bruto de 646 quilates, considerado o segundo maior já registrado no Brasil, foi achado por garimpeiros em Coromandel, no Alto Paranaíba, e é avaliado em R$ 16 milhões.

O maior já encontrado em território brasileiro, segundo a Agência Nacional de Mineração (ANM), é oriundo da mesma cidade, em 1938, e valia 726 quilates. 

O diamante de 646 quilates foi extraído legalmente em uma área com Permissão de Lavra Garimpeira (PLG) ativa, às margens do Rio Douradinho, na zona rural da cidade. A análise técnica foi feita por uma engenheira de mineração de uma empresa local, que confirmou a autenticidade da gema.

Embora a avaliação ainda seja extraoficial, estima-se que a pedra possa ultrapassar os R$ 16 milhões. Por segurança, os nomes dos envolvidos na extração e possível negociação não foram divulgados.

2º maior diamante do mundo encontrado em Coromandel

Reconhecimento oficial 

A Agência Nacional de Mineração (ANM) confirmou que a extração ocorreu dentro das normas e reiterou a importância do reconhecimento formal do diamante. Para o órgão, casos como esse reforçam a credibilidade da atividade mineral e ampliam a visibilidade do setor no Brasil.

Com pouco mais de 30 mil habitantes, Coromandel já era conhecida por sua tradição na mineração, como enfatiza o prefeito Fernando Breno (PRD). “É um momento que marca não apenas a história de Coromandel, como reafirma o papel do município como referência nacional no setor diamantífero”, afirmou.

Essas pedras chegam à superfície por meio de atividades geológicas específicas, como falhas tectônicas e fluxos magmáticos. “Em Coromandel, isso ocorreu há milhões de anos. O kimberlito, que era um antigo vulcão, já foi completamente erodido, e os rios acabaram espalhando os diamantes por toda a região.”

Cor e aparência

A gema encontrada é bruta e ainda não passou por lapidação, o que impede uma análise definitiva sobre sua coloração. Daniel explica que o diamante pode apresentar tonalidades variadas devido a contaminações naturais durante sua formação. “A cor é uma incógnita. Ele pode ter zonas com tons diferentes, parecer sujo ou intemperizado. Mas o diamante pode ter todas as cores do arco-íris.”

A lapidação é fundamental para determinar o valor comercial da pedra. Segundo o geólogo ela muda tudo, a lapidação define como a luz se movimenta dentro do mineral, o que realça o brilho e a cor, se a coloração for escura, a lapidação abre janelas para deixá-la mais clara. “Se for clara demais, fecha-se mais para intensificar a cor”, afirma.

Peso, medida e valor

Com 646 quilates, o diamante chama atenção pelo porte. “Um quilate equivale a 0,2 grama. Essa medida vem de uma semente usada na Antiguidade por ter peso constante”, explica Daniel. Apesar da estimativa de R$ 16 milhões, o especialista acredita que o valor pode ser ainda maior. “As tabelas internacionais de preço param em 15, 16 quilates. Acima disso, já é considerado uma gema super-rara. Então, 646 quilates é fora da curva.”

A venda legal de diamantes no Brasil exige uma série de documentos e processos. O garimpo precisa estar regularizado junto à ANM e possuir licença ambiental válida.

A empresa responsável deve comunicar todas as alfândegas envolvidas no trajeto até o comprador, que, na maioria das vezes, está fora do país. Caso a pedra não seja transportada pessoalmente, ela é enviada sozinha em um compartimento exclusivo no avião.

Somente após a chegada do valor da venda ao banco da empresa no Brasil é feita a conversão para o real, usando como base o Certificado de Kimberley. Segundo especialistas, que acompanham o setor, o valor da venda é dividido entre todos os envolvidos no processo: garimpeiros, fazendeiros, sócios e outros participantes da cadeia; trata-se de um trabalho coletivo que envolve muitas mãos e regras bem definidas.

O certificado foi criado para garantir que a pedra não tenha sido extraída em áreas de conflito. Para isso, a gema deve ser registrada no Cadastro Nacional de Comércio de Diamantes (CNCD). “Esse certificado garante que a pedra foi encontrada em área autorizada e fiscalizada. Só com ele é possível emitir nota fiscal aduaneira e vender oficialmente o diamante”, afirma Daniel.


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