Laudo confirma morte violenta por asfixia de empresário encontrado no Autódromo de Interlagos

Exames indicam sinais de estrangulamento e revelam contradições nos depoimentos; sangue foi encontrado no carro da vítima e análise de DNA pode apontar responsáveis


O caso da morte do empresário Adalberto Amarilio dos Santos Júnior, de 36 anos, encontrado em um buraco na área interna do Autódromo de Interlagos (zona sul de São Paulo), ganhou novos contornos após a divulgação dos primeiros resultados dos laudos periciais. As investigações, conduzidas pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), apontam que Adalberto foi vítima de morte violenta por asfixia, reforçando a suspeita de homicídio.

Resultados do laudo necroscópico

O exame realizado pelo Instituto Médico Legal (IML) confirmou que a morte ocorreu por asfixia mecânica, ou seja, houve obstrução das vias aéreas ou constrição do pescoço ou tórax. O documento também descreve a presença de escoriações no pescoço, sugerindo um possível estrangulamento manual ou com uso de algum objeto.

Os peritos não identificaram lesões externas graves, fraturas ou sinais de violência sexual. No entanto, a forma como o corpo foi encontrado — em um em uma área isolada — reforça a tese de que o empresário foi morto e ocultado ali.

Contradições no laudo toxicológico

Outro dado relevante foi o resultado do exame toxicológico. Apesar de um amigo da vítima, Rafael, ter afirmado em depoimento que os dois teriam ingerido cerveja e maconha no evento de motociclistas que ocorria no autódromo, o laudo apontou ausência de álcool e drogas no organismo de Adalberto.

Contudo, especialistas ponderam que o intervalo de quatro dias entre o desaparecimento e a localização do corpo pode ter prejudicado a detecção de substâncias, especialmente porque a bexiga da vítima estava vazia no momento da necropsia.

Sangue no carro e exame de DNA

Um dos elementos mais importantes para a linha investigativa é o sangue encontrado no veículo da vítima, um Chevrolet Onix branco. Havia vestígios na porta, atrás do banco, no assoalho e no banco traseiro do carro. Amostras foram coletadas e estão passando por análise de DNA para confirmar se pertencem exclusivamente à vítima ou se há vestígios de material genético de outras pessoas — o que pode confirmar a participação de terceiros no crime.

Hipóteses descartadas

Desde o início, a polícia descartou a hipótese de latrocínio (roubo seguido de morte), já que celular, relógio e carteira da vítima foram encontrados intactos no local. Também não há indícios de acidente ou queda acidental, já que o corpo foi propositalmente ocultado no buraco e encoberto, caracterizando tentativa de ocultação de cadáver.

Empresário foi encontrado em um buraco no Autódromo de Interlagos

Principais suspeitas

A investigação agora foca em apurar o envolvimento de funcionários e seguranças terceirizados do evento realizado no autódromo. Informações preliminares indicam que houve um desentendimento entre Adalberto e seguranças, e a polícia analisa imagens de câmeras de monitoramento para traçar os últimos passos do empresário.

O próprio depoimento do amigo Rafael levantou suspeitas. Segundo ele, após a dupla beber e consumir entorpecentes, houve uma discussão com seguranças e Adalberto teria se afastado. A falta de substâncias detectadas no exame toxicológico e a versão contraditória reforçaram a necessidade de novos depoimentos e aprofundamento da investigação.

Próximos passos

A Polícia Civil aguarda agora o resultado do exame de DNA das amostras de sangue colhidas no carro e novas perícias complementares. A expectativa é que esses resultados possam confirmar a presença de agressores e ajudar a identificar os responsáveis pelo crime.

Além disso, reconstituições de trajeto, novas análises de câmeras internas do autódromo e a apuração de responsabilidades entre os organizadores do evento e equipes de segurança estão sendo realizadas.


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