Suspeita de envenenar nora passa ser investigada por morte de própria filha; laudo confirma envenenamento

Irmã de médico morreu assassinada por chumbinho, assim como a esposa dele, confirmou a perícia, após exumação

Um laudo toxicológico do Instituto Médico Legal (IML) revelou que Nathália Garnica, de 36 anos, morreu após ingerir “chumbinho”, veneno usado para matar ratos. Antes considerada uma morte natural, a causa foi revista após o resultado da perícia entregue na última quarta-feira (18) à 3ª Delegacia de Homicídios do Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC), em Ribeirão Preto (SP).

Com o novo laudo em mãos, a polícia agora trabalha com a hipótese de duplo homicídio por envenenamento na mesma família. A principal suspeita é Elizabete Arrabaça, mãe de Nathália, já investigada por suspeita de participação na morte da nora Larissa Rodrigues, professora de 40 anos encontrada morta em março deste ano, também envenenada com a mesma substância. Além dela, o filho Luiz Antonio Garnica, médico e irmão de Nathália, também passou a ser formalmente investigado pela morte da irmã, alémda morte de sua esposa.

Luiz Antonio Garnica e Larissa Rodrigues

A confirmação da presença de “chumbinho” no corpo de Nathália foi obtida após exumação determinada pela polícia. A similaridade entre os casos levantou o alerta da investigação. “Nós vimos uma semelhança e desde já instauramos um inquérito apartado para apurar as circunstâncias da morte da Nathália”, afirmou o delegado Fernando Bravo.

No caso da professora Larissa, o comportamento suspeito do marido, Luiz Garnica, chamou a atenção da polícia desde o início. Foi ele quem alegou ter encontrado o corpo da esposa já em estado de rigidez cadavérica no apartamento do casal, no bairro Jardim Botânico, em Ribeirão Preto. Investigadores também destacam a tentativa do médico de limpar o local antes da chegada da perícia, atitude interpretada como tentativa de ocultar provas.

Além disso, uma testemunha relatou que, cerca de 15 dias antes do crime, Elizabete foi vista tentando comprar “chumbinho”, cuja venda é proibida no país. Outro indício grave revelado pela investigação é que a conta bancária da professora foi movimentada após sua morte, segundo o advogado Matheus Fernando da Silva, que representa a família da vítima.

Diante do avanço das investigações e da quantidade de provas, a Justiça decretou a prisão preventiva de Luiz Antonio Garnica e de sua mãe, Elizabete. A polícia agora aprofunda a análise dos celulares e computadores de ambos para buscar novos elementos que esclareçam a motivação e o possível planejamento dos crimes.

Uma prima de Larissa contou à Polícia que na semana do Dia Internacional das Mulheres, no começo de março, a professora achou rolhas de garrafas de vinho com datas anotadas e uma caixa com brinquedos sexuais no carro do marido, o que levantou uma suspeita de traição.

Segundo a prima, Larissa ligou para ela e contou que estava triste com a situação.

No mesmo depoimento, a prima também informou que Larissa havia comentado com ela sobre uma viagem do médico a São Paulo e que estava desconfiada de que ele não tinha viajado sozinho. Larissa contou que tentou chamadas de vídeo, mas que ele não a atendeu.

Dias depois, já desconfiada, Larissa foi até o endereço da mulher com quem Garnica estaria se relacionando e filmou o marido entrando no prédio.

Larissa chegou a mostrar o vídeo ao marido, mas que ele negou estar acompanhado, dizendo que Larissa estava ficando louca e que quebraria toda a casa, segundo a prima dela.

Por fim, a prima disse à polícia que na semana seguinte ao vídeo, Larissa ficou doente, com diarreia e com vômitos, e que ela relatou que a sogra estava fazendo sopas para ela. A professora também disse que tinha sido medicada pelo marido.

Em abril, quando um mandado de busca e apreensão foi cumprido contra a mulher apontada como a amante, ela foi localizada no apartamento onde o médico vivia com Larissa, o que causou surpresa aos policiais.

A Secretaria da Segurança Pública (SSP) de São Paulo confirmou que o caso segue sob responsabilidade da 3ª Delegacia de Homicídios do DEIC e do Departamento de Polícia Judiciária do Interior (Deinter-3).


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