Teerã acusa Washington de envolvimento em bombardeios a complexos estratégicos e ameaça retaliação; tensão cresce no Oriente Médio
O governo do Irã elevou o tom contra os Estados Unidos neste domingo (22), após bombardeios atingirem instalações nucleares em seu território. O chanceler iraniano, Hossein Amir-Abdollahian, declarou que os EUA “cruzaram a linha vermelha” e prometeu uma resposta “severa e proporcional”.
O episódio marca mais uma escalada nas tensões entre Teerã e Washington, com potencial de desdobramentos imprevisíveis na já instável geopolítica do Oriente Médio.

“A porta para a diplomacia deve permanecer aberta, mas esse não é o caso agora. […] Meu país tem sido atacado, agredido, e temos de responder com base em nosso legítimo direito à autodefesa”, ressaltou o chanceler.
O ataque
As instalações atingidas ficam na região de Isfahan, um dos principais polos do programa nuclear iraniano. Segundo fontes oficiais do Irã, as explosões ocorreram nas proximidades de centros de pesquisa e enriquecimento de urânio. O governo iraniano não especificou a extensão dos danos, mas fontes ligadas à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) confirmaram movimentações anormais de segurança na área.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou fazer novos ataques ao Irã caso as forças do país do Oriente Médio reajam e contra-ataquem os norte-americanos.
Durante pronunciamento na Casa Branca, Trump afirmou que, caso o Irã não entre em acordo para pôr fim aos conflitos na região, militares dos EUA poderão agir novamente.
A reação de Teerã
Em pronunciamento oficial transmitido pela TV estatal, Abdollahian declarou:
“O regime dos EUA ultrapassou todos os limites da racionalidade e do direito internacional. Cruzaram a linha vermelha ao agredirem nossa soberania e ameaçarem nossa capacidade legítima de desenvolvimento nuclear pacífico. A resposta será compatível com a gravidade da provocação.”
O presidente iraniano, Ebrahim Raisi, também se reuniu com o Conselho Supremo de Segurança Nacional para discutir opções de resposta. Fontes internas indicam que retaliar alvos militares norte-americanos na região está sobre a mesa.
Crise
O ataque acontece em meio ao aumento das tensões no Oriente Médio, especialmente após o recente endurecimento das sanções dos EUA contra o Irã e o acirramento do conflito entre Israel e grupos aliados de Teerã, como o Hezbollah, no Líbano.
Além disso, o Irã vem acelerando seu programa nuclear nos últimos meses, aumentando os níveis de enriquecimento de urânio, o que tem gerado preocupações crescentes entre as potências ocidentais e Israel.
Riscos de escalada
Diplomatas europeus tentam agir como mediadores para evitar que o episódio evolua para um conflito direto entre as duas nações. Ainda assim, analistas militares alertam que o ataque representa uma perigosa ruptura nas regras tácitas do confronto velado entre EUA e Irã. Até então, ataques eram geralmente atribuídos a Israel ou a ações indiretas por meio de grupos aliados.
Caso o Irã opte por uma resposta militar direta contra alvos americanos ou aliados na região, o cenário pode caminhar para uma guerra aberta envolvendo várias potências regionais.
Washington em silêncio
A Casa Branca ainda não se pronunciou oficialmente sobre a fala de Hossein Amir-Abdollahian.
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) declarou estar monitorando a situação com “preocupação extrema” e solicitou acesso imediato às instalações atingidas para verificar eventuais riscos de contaminação ou danos aos protocolos de segurança nuclear.

