Entrou em vigor nesta terça-feira o aumento do imposto de importação para carros elétricos e híbridos no Brasil. A medida, anunciada pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) ainda em 2023, faz parte de um cronograma gradual de reoneração aprovado pela Câmara de Comércio Exterior (Camex).
Segundo o governo o aumento e visa tornar os veículos produzidos em território nacional mais competitivos frente aos modelos estrangeiros.
A elevação atinge três categorias de veículos eletrificados:
Os híbridos convencionais (HEV) passam de 25% para 30% de imposto;
Os híbridos plug-in (PHEV) sobem de 20% para 28%;
Os elétricos puros (BEV), que pagavam 18%, passam agora a pagar 25%.
Segundo o governo federal, o objetivo é “reconstituir gradualmente as alíquotas de importação, promovendo a industrialização nacional e a atração de investimentos em fábricas no Brasil”. A expectativa é que, até julho de 2026, todos os modelos de veículos eletrificados importados estejam sujeitos à alíquota máxima de 35%, que é o teto estabelecido pelo Mercosul para países-membro.
Competição estrangeira e reação da indústria
O crescimento acelerado da presença de marcas chinesas no Brasil — como BYD e GWM — nos últimos dois anos é um dos fatores que motivou a reoneração. Apenas em 2025, entre janeiro e maio, foram emplacados mais de 187 mil veículos eletrificados importados, representando um aumento de quase 20% em relação ao mesmo período de 2024. Desse total, cerca de 56% correspondem a modelos chineses.
Diante disso, montadoras que operam no Brasil já se movimentam. A BYD inaugura hoje sua fábrica em Camaçari (BA), e a GWM inicia a pré-produção em Iracemápolis (SP). Ambas têm como estratégia ampliar a fabricação local para continuar vendendo seus modelos com vantagens tributárias. A importação de peças em kits desmontados (CKD e SKD), que possuem impostos reduzidos, também será ampliada.
Outras empresas como Caoa Chery, Geely e GAC já anunciaram planos de produção local. A Anfavea, associação que representa as montadoras instaladas no país, apoia a medida e pressiona para que a tributação seja mais rígida inclusive para carros montados parcialmente fora do Brasil e apenas finalizados aqui.

Exceções e cotas
A reoneração é gradual, mas não atinge todos os veículos de imediato. Modelos produzidos em países com os quais o Brasil possui acordos comerciais — como México e alguns países do Mercosul — permanecem isentos do aumento. Além disso, cotas anuais de importação com isenção parcial foram fixadas para empresas que se comprometeram a investir em produção nacional.
Essas cotas variam conforme o estágio da fábrica e o volume de investimento e são válidas até junho de 2026. Após esse prazo, a tributação será plena para todos os veículos importados fora das exceções diplomáticas.
Próximos passos
O governo também deve publicar nos próximos meses uma regulamentação do chamado “IPI Verde”, um incentivo fiscal para veículos menos poluentes fabricados no Brasil. A proposta, ainda em fase de elaboração, prevê alíquotas diferenciadas de acordo com o nível de eficiência energética, pegada de carbono e grau de nacionalização dos componentes.
A expectativa da equipe econômica é que a nova política industrial incentive empresas a transferirem tecnologia para o país e a impulsionar a criação de empregos qualificados na cadeia automotiva de veículos elétricos.
Impacto no bolso do consumidor
Com o aumento das alíquotas, especialistas preveem um impacto direto nos preços dos veículos elétricos e híbridos importados já nas próximas semanas. Concessionárias relatam uma corrida de consumidores durante o mês de junho, buscando antecipar a compra antes da reoneração.
Modelos como o BYD Dolphin, o GWM Haval H6 e o Tesla Model 3 devem sofrer reajustes significativos em seus preços de tabela.
Resumo:
Aumento do imposto de importação entrou em vigor em 1º de julho de 2025;
Alíquotas variam de 25% a 30%, dependendo do tipo de carro;
Objetivo é estimular a produção nacional e equilibrar a competição com os importados;
Até julho de 2026, imposto chegará a 35% para todos os modelos;
Fabricantes chinesas lideram o mercado e já investem em fábricas no Brasil;

