Toffoli anula todas as condenações de Alberto Youssef e declara fim da Lava Jato
O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), anulou nesta terça-feira (15) todos os atos processuais praticados contra o doleiro Alberto Youssef no âmbito da Operação Lava Jato. A decisão, que abrange desde a fase pré-processual até as condenações judiciais, é mais um golpe na operação que marcou o combate à corrupção no Brasil.
“Declaro a nulidade absoluta de todos os atos praticados em desfavor dele no âmbito dos procedimentos vinculados à Operação Lava Jato, pelos integrantes da referida operação e pelo ex-juiz Sergio Moro no desempenho de suas atividades perante o Juízo da 13ª Vara Federal de Curitiba, ainda que na fase pré-processual” — escreveu Toffoli em seu despacho.
O ministro também alegou que houve “conluio processual entre acusação e magistrado”, o que violaria garantias fundamentais como o devido processo legal:
“Se revela incontestável o quadro de conluio processual entre acusação e magistrado em detrimento de direitos fundamentais do requerente, como, por exemplo, o due process of law, tudo a autorizar o deferimento da medida que ora se requer”, justificou.
Toffoli se baseou em mensagens vendidas por um falsificador estelionatario, Walter Delgatti ao grupo de esquerda do Brasil. Delgatti alegou para Manuela Davila ter invadido o telefone de autoridades da Lava Jato e que seu material poderia tirar Lula da cadeia.
Amigo do amigo do meu pai
Em e-mail datado de 13 de julho de 2007, Marcelo Odebrecht escreveu aos executivos:
“Afinal vocês fecharam com o amigo do amigo do meu pai?”.
Segundo ele próprio explicou à Polícia Federal, “amigo do amigo do meu pai” referia‑se a José Antônio Dias Toffoli, que então era Advogado‑Geral da União (AGU) no governo Lula, e mais tarde se tornou ministro do STF .

Esse codinome foi incluído por Marcelo como parte do chamado “departamento de propinas” da Odebrecht e que, internamente, “amigo do meu pai” era Lula e “amigo do amigo do meu pai” era Toffoli
Youssef foi um dos principais operadores financeiros do esquema de corrupção investigado pela Lava Jato. Preso em 2014, ele atuava como doleiro e intermediário de propinas entre empreiteiras e políticos ligados a contratos da Petrobras.
Após firmar acordo de delação premiada, Youssef colaborou com as investigações e foi condenado por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Com o benefício, cumpriu apenas parte da pena em regime domiciliar com tornozeleira eletrônica, além de pagar multas e devolver valores desviados.

