Tarifaço força fábrica de portas a conceder férias coletivas a quase 500 trabalhadores em SC

O Grupo Ipumirim Mouldings, referência no setor madeireiro brasileiro, confirmou nesta quinta-feira (24) que cerca de 500 colaboradores da empresa entrarão em férias coletivas. A medida ocorre em meio à instabilidade provocada pela decisão do governo dos Estados Unidos de impor uma tarifa de 50% sobre a importação de produtos madeireiros processados no Brasil, com vigência prevista a partir de 1º de agosto.

A empresa, que atua desde 1965 no Oeste catarinense, justifica a decisão como “preventiva” diante do impacto imediato nas exportações. Com cerca de 95% de sua produção destinada ao mercado externo — sobretudo Estados Unidos, Europa e Canadá —, o grupo teme prejuízos significativos com a entrada em vigor da nova política tarifária americana.

Operações reduzidas

Durante o período das férias coletivas, permanecerão em atividade cerca de 15 colaboradores que atuam no setor administrativo e de planejamento estratégico da companhia. A expectativa, segundo a empresa, é de que esse grupo mantenha o suporte necessário para reagir rapidamente a possíveis desdobramentos diplomáticos ou comerciais.

O Grupo Ipumirim Mouldings atua em quatro frentes industriais: molduras, kits de portas, pellets e gestão florestal. Todas as operações possuem certificação de manejo sustentável (FSC – Forest Stewardship Council).

Imagem aérea do galpão do Grupo Ipumirim, em Ipumirim (SC)  • Divulgação

Impacto no setor madeireiro

A decisão norte-americana repercutiu com preocupação entre empresários e entidades do setor madeireiro. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci), o novo tarifário ameaça diretamente milhares de postos de trabalho em todo o país.

“A situação é crítica. O setor depende das exportações, e os Estados Unidos representam cerca de 50% da nossa demanda externa. Muitas empresas já estão revisando contratos e projeções”, alertou a entidade em nota.

A Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc) também se manifestou. Para a entidade, as férias coletivas adotadas pela Ipumirim Mouldings são apenas um indicativo de um possível “efeito cascata” que pode atingir outras madeireiras nas próximas semanas.

Reação e expectativa

O governo brasileiro, por meio de canais diplomáticos, tenta reverter a medida adotada por Washington, classificada como protecionista e prejudicial ao comércio bilateral. Até o momento, não houve manifestação oficial dos Estados Unidos sobre a possibilidade de revisão da tarifa.

Enquanto isso, o Grupo Ipumirim aguarda com cautela o desenrolar das negociações. Segundo a empresa, a concessão das férias coletivas busca, acima de tudo, preservar empregos e evitar demissões diante de um cenário de incerteza comercial.


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