Presidente dos EUA vê cenário de crise humanitária — e cobra ações imediatas
Nesta segunda-feira (28 de julho de 2025), durante encontro na Escócia com o primeiro‑ministro britânico Keir Starmer, o ex‑presidente dos EUA Donald Trump declarou que em Gaza há “fome real”: “some of those kids … that’s real starvation stuff” (“algumas dessas crianças… isso é fome de verdade”), segundo ele, visível nas imagens que assistiu pela televisão .

Trump afirmou ainda: “you can’t fake that” (“não dá para fingir isso”) . Foi uma ruptura clara com a posição do primeiro‑ministro israelense Benjamin Netanyahu, que havia afirmado no domingo anterior que “não há política de starvação em Gaza, e não há starvation em Gaza” .
Medidas anunciadas por Trump
Trump anunciou que os EUA, junto a aliados como Reino Unido e União Europeia, irão estabelecer “food centres” em Gaza — centros de alimentação acessíveis onde a população poderia se abastecer diretamente, sem barreiras ou complicações burocráticas .
Ele cobrou Netanyahu diretamente: “I want him to make sure they get the food” (“quero que ele garanta que eles recebam comida”) . Segundo Trump, o foco prioritário deve ser alimentar as crianças da faixa de Gaza antes de qualquer outra coisa .
Confronto com posição de Netanyahu
Netanyahu, em discurso oficial semanas antes, responsabilizou o Hamas por supostamente desviar mantimentos e negou que a fome fosse causada por bloqueio ou políticas israelenses . Ele garantiu que a ajuda continuaria independentemente de negociações de cessar-fogo ou ofensivas .
Trump, ao contrário, disse que a fome é evidente nas imagens e indicou que orientou Netanyahu que a estratégia precisaria ser revista: “you have to now maybe do it a different way” (“talvez tenham que fazer de forma diferente daqui em diante”) .
Contexto humanitário em Gaza
Organizações como a UNRWA e agências humanitárias alertam que até 147 pessoas morreram por fome ou desnutrição, incluindo 88 crianças, nas últimas semanas . A ONU descreve os níveis de ajuda fornecida como “uma gota no oceano”, com capacidade de aproximadamente 120 caminhões por dia, enquanto seriam necessários entre 500–600 para atender às necessidades básicas da população .
Com a implementação de breves pausas táticas nas operações militares — cerca de 10 horas por dia —, houve um aumento lento no volume de ajuda, ainda assim insuficiente para conter o agravamento da situação .
Reações e implicações diplomáticas
A crítica de Trump representa uma guinada diplomática significativa. Mesmo permanecendo contrário ao reconhecimento formal de um Estado palestino, ele parece menos resistente à posição de líderes europeus que defendem esse reconhecimento como parte da solução .
Líderes internacionais — entre eles os presidentes da França, do Egito, além do primeiro‑ministro britânico Starmer — intensificam as pressões por cessar‑fogo, acesso irrestrito a ajuda humanitária e responsabilização de Israel pela crise . O secretário‑geral da ONU, António Guterres, classificou como “intolerável” o estado atual dos eventos em Gaza .

