Deputada foi condenada pelo STF a 10 anos de prisão e à perda do mandato parlamentar por ter invadido o sistema do CNJ junto com hacker que usado em decisão do STF que anulou condenações de Lula
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) foi presa nesta terça-feira (29) em Roma, na Itália. A informação foi confirmada pela Polícia Federal brasileira.
De acordo com fontes da PF brasileira, ela não teria apresentado resistência quando foi detida.
A deputada foi presa por autoridades italianas, em cumprimento a um mandado de prisão internacional expedido pela Interpol. A informação foi confirmada pelo Ministério da Justiça do Brasil e por diversos veículos italianos de imprensa nas últimas horas. A parlamentar estava foragida desde junho, quando desembarcou na Itália poucas horas antes da inclusão de seu nome na lista vermelha da polícia internacional.
A prisão ocorreu após Zambelli se apresentar voluntariamente às autoridades, segundo relatos de fontes oficiais italianas. A deputada, que possui cidadania italiana, vinha alegando ser alvo de “perseguição política” no Brasil e dizia estar em exílio no país europeu. No entanto, a Justiça italiana determinou a detenção com base no pedido de cooperação internacional formulado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) brasileiro.
Zambelli foi condenada em junho a mais de 10 anos de prisão pelo STF por envolvimento em um esquema de invasão hacker ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). As investigações apontaram que ela teria contratado e orientado os autores do ataque cibernético com o objetivo de obter e vazar dados sigilosos de autoridades públicas. O caso foi considerado grave por comprometer a integridade de informações judiciais e por ter sido articulado dentro de uma estrutura político-parlamentar.
Líder do PL na Câmara, o deputado Sóstenes Cavalcante (RJ) disse que conversou com a defesa de Zambelli e que o advogado teria relatado que a deputada se apresentou “espontaneamente” às autoridades italianas.
“Ele me informou que ela hoje se apresentou espontaneamente às autoridades policiais na Itália para começar o seu pedido de asilo politico, bem como de não extradição. Ela fez o seu pedido no dia de hoje e, agora, seguirão os trâmites normais da justiça italiana”, relatou o líder do PL.
Outra versão sobre a prisão
A prisão da deputada aconteceu no fim da noite em Roma, segundo o canal Sky TG24, e foi possível após o deputado italiano Angelo Bonelli (Aliança Verde e Esquerda) ter denunciado sua presença no país e informado às autoridades o endereço onde ela estaria hospedada. Há fortes indícios de que a prisão tenha ocorrido em um apartamento residencial na capital italiana, embora a polícia local ainda não tenha divulgado detalhes sobre o local da detenção.
Zambelli utilizava sua cidadania italiana como argumento para evitar a extradição, afirmando publicamente que o Brasil violava direitos fundamentais e que sua condenação era de cunho político. Em um vídeo recente, ela se dizia exilada e pedia apoio da direita europeia. A estratégia, no entanto, não foi suficiente para barrar o cumprimento do mandado internacional, que teve como base a condenação transitada em julgado no Brasil.
Com a prisão agora confirmada, o governo brasileiro pode formalizar o pedido de extradição junto às autoridades italianas. A tramitação, porém, pode ser demorada e envolve aspectos diplomáticos e jurídicos complexos. O Ministério da Justiça do Brasil ainda não se manifestou oficialmente sobre os próximos passos.

Zambelli permanece sob custódia da Justiça italiana. Ainda não há previsão de audiência pública sobre seu caso nem decisão sobre possível libertação provisória. A defesa da parlamentar não se pronunciou até o momento.
Segundo fontes da PF, a Justiça da Itália terá de decidir se mantém a parlamentar brasileira presa no país, se a solta ou se extradita para cumprir pena no Brasil, como pediu o governo Lula.

