Operação foi deflagrada em Roraima e no Rio de Janeiro. O presidente da CBF Samir Xaud, a deputada federal Helena da Asatur (MDB) e o marido dela, Renildo
O presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Samir Xaud, a deputada federal, Helena da Asatur (MDB) e o marido dela, o empresário Renildo Lima, foram alvos de busca e apreensão numa operação da Polícia Federal (PF) nesta quarta-feira (30) que investiga compra de votos nas eleições municipais de 2024, em Roraima.
A Operação Caixa Preta tem o objetivo de investigar suspeita da prática de crimes eleitorais em Roraima. Outros sete mandados de busca e apreensão são cumpridos na operação.

Agentes da PF estiveram na casa de Xaud e também na sede da CBF, no Rio de Janeiro. A Justiça também bloqueou R$ 10 milhões nas contas dos investigados.
As investigações começaram quando o empresário Renildo Lima foi preso com R$ 500 mil em setembro de 2024, nas eleições municipais daquele ano. Parte desse dinheiro foi encontrado na cueca do empresário.
A deputada federal Helena da Asatur (MDB-RR), única mulher eleita por Roraima na Câmara dos Deputados, está no centro de uma crise política que envolve suspeitas de corrupção, contratos milionários com o governo federal e a prisão de seu marido, o empresário Renildo Evangelista Lima. Ele foi flagrado pela Polícia Federal com R$ 500 mil em espécie, parte do valor escondido na cueca, durante operação realizada em setembro de 2024 para apurar crimes eleitorais no estado.
A operação da PF teve como alvo principal a compra de votos, abuso de poder econômico e associação criminosa armada. Renildo Lima foi preso em flagrante, mas liberado no dia seguinte por decisão do Tribunal Regional Eleitoral de Roraima, que impôs medidas cautelares como recolhimento domiciliar noturno e proibição de sair do país sem autorização judicial.
Apesar do escândalo, as empresas de Lima continuaram firmando contratos com o governo federal. A principal delas, a Voare Táxi Aéreo, controlada por ele e sua filha, firmou desde 2023 ao menos 17 contratos com órgãos da União, totalizando mais de R$ 610 milhões. A empresa atua no transporte aéreo de pacientes e insumos em áreas indígenas, especialmente na Terra Yanomami.
Entre os contratos mais expressivos, destaca-se o firmado em janeiro de 2025 com o Ministério da Saúde, no valor de R$ 15,8 milhões, para o transporte de indígenas e atendimento emergencial. Em 2023, a Voare também celebrou contrato com o Ministério dos Povos Indígenas, sem licitação, que rendeu à empresa R$ 24,8 milhões. Outros contratos foram assinados com a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), vinculada ao Ministério da Justiça, e com o Ministério da Defesa.
A deputada Helena da Asatur, cujo nome civil é Maria Helena Teixeira Lima, se apresenta como empresária do setor de transporte rodoviário há mais de 20 anos e fundadora da empresa ASATUR, com atuação nas rotas de Roraima e Amazonas. Após a prisão do marido, ela se manifestou publicamente afirmando que o dinheiro apreendido era proveniente das empresas da família e não tinha relação com a campanha eleitoral.
Apesar da gravidade do caso, o governo federal não se pronunciou sobre eventuais irregularidades nos contratos firmados com a empresa do marido da deputada. A Voare, por sua vez, declarou que está regular perante os órgãos de controle e que a operação da Polícia Federal teria sido “ilegal”, embora as investigações ainda estejam em curso.
O caso reacende o debate sobre o uso de contratos emergenciais e sem licitação para atender comunidades indígenas, especialmente em regiões de difícil acesso como o território Yanomami. A ausência de critérios públicos e o vínculo direto entre a empresa beneficiada e uma parlamentar da base aliada do governo levantam suspeitas de favorecimento político e exigem explicações do Executivo.
O inquérito que apura a origem do dinheiro escondido na cueca de Renildo Evangelista Lima segue sob sigilo, sem prazo para conclusão. O Ministério Público Eleitoral acompanha o caso. A deputada segue exercendo seu mandato normalmente.

