Depois de esbravejar fingindo coragem, presidente do Brasil teme ligar para Trump pu ir ter uma conversa para salvar milhares de empresas, milhões de empregos e a economia ameaçada por tarifaço
Por Victório Dell Pyrro
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acaba de protagonizar mais um capítulo vergonhoso da diplomacia brasileira ao afirmar publicamente que não vai telefonar para Donald Trump para tratar do tarifaço imposto aos produtos brasileiros.
Em vez disso, Lula limita-se a dizer que “vai ligar para convidá-lo à COP30”, como se o Brasil estivesse organizando uma feirinha de artesanato, não enfrentando uma crise comercial que ameaça bilhões em exportações e milhares de empregos de brasileiros.
Durante discurso em evento do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável nesta terça-feira (5) no Itamaraty, Luiz Inácio deixou escapar: “Eu vim para cá prometido a não perder muito tempo falando na taxação. Porque também, se eu não falar, vão dizer: ‘por que o Lula não falou? Está com medo do Trump’. E eu não quero que vocês saiam com essa imagem.”
É uma postura acovardada e reveladora de um presidente que foge do confronto por medo de ser humilhado, depois de rugir como um leão contra Trump e ironizá-lo. E o pior: esse medo não é gratuito. Lula parece saber que, ao contrário do que ocorre nos discursos inflamados que faz para a militância de esquerda, Trump não está disposto a tratá-lo com afagos diplomáticos — e poderia humilhá-lo sim publicamente, como já fez com outros líderes, incluindo o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, a quem tratou com frieza em diversas ocasiões. Trump pode questionar sobre sua volta à política orquestrada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a quem critica e inclusive já aplicou a pior pena para desafetos dos EUA, para Alexandre de Moraes, integrante da Corte brasileira.
A raiz do problema está em casa
A origem dessa crise, que agora Lula se recusa a enfrentar de frente, não começou com tarifas. Começou com o Supremo Tribunal Federal anulando suas condenações por corrupção em 2021 — um movimento jurídico controverso que permitiu o seu retorno ao Palácio do Planalto. O gesto, criticado por juristas no Brasil e no exterior, reverteu uma decisão da Lava Jato que havia condenado Lula, e confirmada em três instâncias, com base em provas robustas de corrupção que até hoje dividem opiniões, mas que foram validadas por múltiplos tribunais à época.
A reabilitação política de Lula, patrocinada pelo STF, minou a confiança de grande parte da comunidade internacional em instituições brasileiras. Trump, atento a isso e em meio a uma campanha tarifária internacional nos EUA, viu no Brasil um alvo fácil para demonstrar força: um país com governo instável, liderado por um político reincidente em erros, com Judiciário acusado pela direita mundo afora, de favorecimento à esquerda, e um Congresso dividido.
O silêncio cúmplice e a diplomacia de joelhos
Em vez de assumir a responsabilidade e enfrentar Trump com altivez, Lula prefere a omissão. Diz que o Itamaraty cuidará do assunto — como se o presidente da República não tivesse obrigação de liderar em momentos de crise tão grave. Ao contrário: prefere fazer pose de anfitrião climático, convidando Trump para a COP30 em Belém, onde o ex-presidente americano provavelmente nem pisará, ou, se for, usará o palco para debochar das “políticas verdes” que ele abomina abertamente.
O gesto revela o estilo de política externa que marcou os três mandatos de Lula: retórica grandiosa, falastrona mas pouca firmeza prática. Frente a uma das maiores ameaças comerciais ao Brasil em séculos, Lula hesita, tergiversa e tenta empurrar a crise para seus diplomatas, como se sua responsabilidade se resumisse a apertar mãos e tirar fotos com chefes de Estado simpáticos à sua visão ideológica ultrapassada e rasteira.
Entre a humilhação e a omissão
Na sexta-feira passada, o presidente americano, Donald Trump, disse: “O Lula pode me ligar qualquer hora que quiser, quando ele quiser”. Lula teme uma ligação porque sabe que Trump pode humilhá-lo. Ponto. Essa é a verdade nua e crua que seus apoiadores tentam maquiar com discursos sobre “soberania diplomática” e “respeito aos canais institucionais”. Mas soberania se defende com coragem — não com silêncio, nem com o medo de um diálogo franco, aberto com quem pode arruinar a economia brasileira de vez.
A recusa em ligar para Trump é a síntese de um governo que não sabe reagir quando está fora de sua zona de conforto, preso à narrativa de que o Brasil voltou a ser respeitado no mundo, quando a realidade é outra: os Estados Unidos impõem tarifas, a Europa, Ásia, América do Sul, México e seus governantes estão negociando diretamente com Trump, diferente do fraco Lula.
Enquanto o mundo reage ao tarifaço, Lula finge que tudo vai bem — desde que ele possa seguir discursando e ser aplaudido por fanaticos seguidores incautos nos fóruns multilaterais. Mas, na prática, sua ausência de ação expõe um governo enfraquecido, um presidente acuado e um país sendo punido pelas decisões erradas do passado — incluindo principalmente a decisão de 11 togados em deixá-lo voltar. A conta está chegando.

