Após justiça proibir divulgações, jornal publica áudios de irmã de Milei

Milei diz que gravação foi feita na Presidência da Câmara dos Deputados e chama divulgação de “espionagem ilegal”


Um site uruguaio divulgou nesta terça-feira (2) um novo áudio vazado atribuído a Karina Milei, irmã do presidente da Argentina, Javier Milei. O áudio contém trechos de uma reunião que, segundo a gestão Milei, teria sido gravada ilegalmente na Presidência da Câmara dos Deputados da Argentina.

A divulgação acontece um dia após a Justiça argentina acatar a um pedido do governo Milei para impedir a divulgação de novos áudios envolvendo a irmã do presidente. Os jornalistas do canal Carnaval Stream, que divulgaram os áudios e foram impedidos de publicar novas conversas, chamaram a medida de “censura”


O áudio foi divulgado sem contexto, por isso não é possível entender a que assunto se referia Karina Milei. Ela cita um homem chamado “Martín” — que presume-se, segundo a imprensa argentina, ser o presidente da Câmara, Martin Menem. Alguns trechos da gravação são inaudíveis.

Os irmãos durante a posse presidencial, em novembro de 2023 – (crédito: Divulgação/X @KarinaMileiOk)x

“Tem que ficar sob o Martin. Tem que… porque, já te digo, o Martin é quem tem a informação, o que tem que fazer de… de como é… levar isso adiante. Então… e eu, do meu ponto de vista, do ponto que me cabe, eu respeito o Martin como cabeça…”, diz a voz atribuída a Karina Milei no canal de streaming Dopamina.

O primo de Martin Menem, Eduardo “Lule” Menem, também é citado nos áudios sobre supostos subornos envolvendo a compra de medicamentos para pessoas com deficiência. O presidente da Câmara comentou o novo vazamento de áudios e disse que Karina Milei tem o costume de participar de reuniões na Casa.

“Em primeiro lugar, quero esclarecer que esse áudio, no caso hipotético de ser real, parece ter sido gravado de maneira ilegal na Presidência da Câmara dos Deputados. Esses encontros são realizados periodicamente para cordenar o trabalho parlamentar e consolidar o trabalho legislativo de La Libertad Avanza (partido de Milei)”, afirmou.

“A suposta gravação ilegal e divulgação de conversas privadas no exercício de nossa função pública é evidentemente uma tentativa deliberada de desestabilização no marco do processo eleitoral”, disse, referindo-se às eleições provinciais em Buenos Aires, marcadas para o próximo domingo (7).


A ministra da Segurança da Argentina, Patricia Bullrich, também comentou o assunto e disse que o governo vai ampliar as denúncias contra o vazamento de novos áudios. Também chamou o caso de espionagem ilegal. “Ampliaremos a denúncia: porque se aqui se faz, aqui se paga”, afirmou em uma publicação em seu perfil no X.

Abuso de autoridade
Depois de o governo ter acionado a Justiça contra os jornalistas que divulgaram os primeiros áudios, Patricia Bullrich foi denunciada à Justiça pelo advogado argentino Gregorio Dalbón, ligado a um grupo defensor da ex-presidente Cristina Kirchner.

O advogado alegou que Patricia Bullrich cometeu abuso de autoridade ao pedir que a Justiça autorizasse busca e apreensão contra os jornalistas. Em um programa de TV da emissora A24 na segunda (1º/9), a ministra negou ter feito o pedido e foi contestada ao vivo pelos entrevistadores, que leram trechos do documento assinado por ela e enviado à Justiça.


“O governo pede na página 18: Ordene-se busca e apreensão nos escritórios e estúdios da Carnaval Stream. Autorize-se busca e apreensão nos domicílios de Franco Bindi, Jorge Rial, Pablo Toviggino, Mauro Federico e de todos os envolvidos”, leu o jornalista Gabriel Ziblat.

Bullrich respondeu: “Não. Estamos pedindo a construção da prova. A Justiça pode decidir o que quer”, afirmou a ministra, que também disse acreditar que os jornalistas que divulgaram os áudios não são jornalistas.


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