Presidente da Câmara quer apoiar petista a seu pai, Nabor Wanderley ao Senado em 2026
Hugo Motta, presidente da Câmara dos Deputados, está no centro de uma articulação política que mistura interesses pessoais, alianças eleitorais e o destino do projeto da Anistia no Congresso Nacional. O parlamentar paraibano trabalha abertamente para eleger seu pai, Nabor Wanderley, prefeito de Patos (PB), ao Senado nas eleições de 2026, enquanto sua postura diante do projeto de perdão aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro tem sido de cautela e inação estratégica, motivada tanto por acordos políticos quanto por cálculos eleitorais.
O Projeto de Eleger o Pai Senador
- Hugo Motta negocia uma ampla aliança com o PT e outras forças políticas da Paraíba. O principal objetivo: garantir apoio do governo Lula à candidatura de Nabor Wanderley ao Senado, fortalecendo o clã da família Motta no estado. O acordo envolveria também o apoio ao vice-governador Lucas Ribeiro para o governo estadual, em troca de uma chapa consensual para o Senado, com o pai de Hugo figurando como destaque.
- A estratégia de Motta busca preservar sua força política no estado e blindar a própria reeleição enquanto se projeta nacionalmente via controle da Câmara dos Deputados, tornando-se peça-chave tanto para Lula quanto para o Centrão.
- Internamente, pesquisas mostram que o eleitorado da Paraíba é majoritariamente lulista, o que força Motta a adotar posturas equilibradas e colaborar com o governo federal, evitando qualquer desgaste que pudesse ameaçar as negociações para o Senado.
Interferência sobre o Projeto da Anistia
- O projeto de anistia aos investigados e condenados pelos atos de 8 de janeiro é visto por Hugo Motta como um tema explosivo. Líderes partidários e do Judiciário afirmam que, ao pautar a anistia, Motta se arriscaria a perder apoio do PT e do eleitorado progressista da Paraíba, essencial para o plano de eleger Nabor Wanderley.
- Para evitar fissuras no acordo político regional e nacional, Motta tem engavetado o projeto, sustentando que a proposta não tem consenso partidário e alegando que o tema seguirá sem previsão para votação, mesmo diante da pressão do PL e de aliados de Bolsonaro.
- O presidente da Câmara está sob forte pressão da base bolsonarista, mas também sofre alertas do PT, que aponta que o avanço da anistia seria “mancha” irreversível na sua trajetória e poderia isolar Motta no Congresso, prejudicando sua articulação para as eleições de 2026.
Bastidores e Movimentação Política
- Hugo Motta tem mantido reuniões reservadas com líderes do PT e do governo Lula, buscando garantir reciprocidade e apoio ao projeto eleitoral do clã Motta. O cenário ainda envolve conversas com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, entre outras lideranças do centrão.
- O projeto da Anistia permanece parado na Câmara apesar dos pedidos bolsonaristas pelo regime de urgência, e Motta articula para que o tema só volte à pauta após o julgamento de Bolsonaro pelo STF, outro fator estratégico para não melindrar a aliança com o PT.
- Aliados de Motta dizem que a inércia do presidente da Câmara não é apenas institucional, mas também motivada por desavenças recentes com dirigentes do PL, que atropelaram acordos internos, forçando uma posição mais rígida contra a votação da Anistia neste momento.
A movimentação de Hugo Motta em torno da eleição do pai ao Senado e a escolha por engavetar o projeto da Anistia revelam uma sobreposição de interesses pessoais, cálculo eleitoral e estratégias de poder que transformam a Câmara dos Deputados em palco para negociações regionais e nacionais. Motta aposta que preservar o apoio do PT e evitar desgaste com o eleitorado paraibano é fundamental para o futuro político da família, mesmo que isso implique sacrificar a pauta bolsonarista no Congresso e desagrade os deputados que o elegeram presidente da Câmara.

