Ruy Ferraz é executado a tiros no litoral de SP; ex-delegado-geral

Delegado foi responsável pela prisão de Marcola, em operação policial há mais de 20 anos

O ex-delegado-geral de São Paulo e secretário de Administração de Praia Grande, no litoral paulista, Ruy Ferraz Fontes, foi executado a tiros nesta segunda-feira (15), enquanto dirigia um carro na cidade.

Segundo a Polícia Militar, homens desceram de outro veículo e atiraram contra o automóvel da vítima.

Ruy Fontes foi delegado-geral de São Paulo entre 2019 e 2022 e atuou por mais de 40 anos na Polícia Civil. Teve papel central no combate ao crime organizado e foi pioneiro nas investigações sobre o PCC. Comandou divisões como DEIC, DENARC e Homicídios, além de dirigir o Decap.

A execução de Ruy Ferraz aconteceu na Avenida Dr. Roberto de Almeida Vinhas, por volta das 18h, no bairro Nova Mirim, perto do Fórum. De acordo com a PM, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado e constatou a morte da vítima no local.

Informações iniciais indicam que Ruy Ferraz Fontes perdeu o controle do veículo após ser baleado. A Prefeitura de Praia Grande e a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) lamentaram a morte do delegado.

Segundo a SSP-SP, policiais militares atenderam rapidamente a ocorrência e localizaram o veículo utilizado pelos criminosos. A cena do crime foi preservada para a realização da perícia.

“Equipes estão em campo, realizando diligências e utilizando ferramentas de inteligência para identificar, prender e responsabilizar os envolvidos”, complementou a secretaria.

A Prefeitura de Praia Grande informou que um homem e uma mulher que caminhavam pelo local também foram baleados e atendidos pelas equipes do Samu, sendo encaminhados inicialmente para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Quietude.

De acordo com o município, as vítimas não correm risco de morte e foram transferidas para o Hospital Municipal Irmã Dulce, também na cidade.

Formado em Direito pela Faculdade de São Bernardo do Campo, com pós-graduação em Direito Civil, Ferraz teve passagens por delegacias especializadas como o DHPP, o Denarc e o Deic. Foi justamente no Deic, no início dos anos 2000, como chefe da 5ª Delegacia de Roubo a Bancos, que ele iniciou investigações sobre o PCC, sendo responsável por prender lideranças da facção e mapear sua estrutura criminosa.

Sua atuação foi decisiva durante os ataques de maio de 2006, quando o PCC promoveu uma série de ações violentas contra forças de segurança em São Paulo.

O delegado geral de São Paulo, Arthur Dian, afirma que os criminosos atiraram mais de 20 vezes durante o atentado contra Ruy Ferraz. Segundo o agente, foram encontrados carregadores de fuzil no local do crime.

“Pelo que contamos, foram mais de 20 disparos efetuados aqui no local”, disse Dian.

Entre 2019 e 2022, Ferraz comandou a Delegacia Geral de Polícia do Estado de São Paulo. Nesse período, liderou a transferência de chefes do PCC de presídios paulistas para unidades federais em outros estados, medida considerada estratégica para enfraquecer o poder da facção dentro das cadeias.

Ferraz atuou, há mais de 20 anos, na operação que resultou na prisão de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola.

As autoridades ainda não sabem quem matou o ex-delegado e qual foi o motivo do crime. Duas hipóteses estão sendo consideradas no momento para explicar o homicídio de Ruy:

  • Vingança do PCC em razão da atuação histórica da vítima contra os chefes da facção;
  • Reação de criminosos contrariados pela atuação dele à frente de Secretaria de Administração da Prefeitura de Praia Grande.

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