Assessor de senador lulista deu procuração para carregador de mala de propina do “Careca do INSS”

Por Victório Dell Pyrro

O empresário Gustavo Marques Gaspar, homem de confiança do senador Weverton Rocha (PDT-MA), está no epicentro de um novo capítulo do escândalo do INSS após conceder procuração com amplos poderes ao consultor Rubens Oliveira Costa, identificado pela Polícia Federal como o “carregador de propina” do esquema ligado ao lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, o chamado Careca do INSS.

A procuração foi registrada no Cartório JK, em Brasília, no dia 12 de março deste ano. Pouco mais de um mês depois, a Polícia Federal deflagrou a primeira fase da Operação Sem Desconto, que investiga a Farra do INSS. O inquérito subiu para o Supremo Tribunal Federal (STF) após a PF identificar a atuação de políticos com foro privilegiado.

Quem é Gustavo Marques Gaspar e sua ligação com Weverton Rocha

Gaspar atuou como assessor de Weverton no Senado até 2023 e passou a ser conhecido como uma espécie de operador informal do parlamentar, indicando influência direta do senador nas operações suspeitas.

Nomeado pelo próprio Weverton, Gaspar esteve lotado em cargos estratégicos de confiança, embora denúncias da imprensa o apontassem como funcionário fantasma. Mesmo após exposição pública, continuou vinculado à estrutura política do senador no Senado e era visto como figura central no círculo íntimo do PDT do Maranhão.

O escândalo do INSS: malas de dinheiro e fraudes com aposentados

A investigação da Polícia Federal, batizada de Operação Sem Desconto, escancarou um esquema bilionário de fraudes em benefícios previdenciários, que atingiu diretamente milhões de aposentados e movimentou cifras estimadas em R$ 6,3 bilhões por meio de descontos associativos e contratos espúrios com entidades de fachada.

Rubens Oliveira, ligado a Gaspar por meio da procuração, está no centro do esquema como operador financeiro, com movimentações incompatíveis com qualquer atividade legal declarada, inclusive recebendo milhões de entidades envolvidas nas fraudes.

O chamado Careca do INSS, Antonio Antunes, era o grande chefão operacional da engrenagem que drenava os recursos dos mais vulneráveis, com o envolvimento de operadores próximos aos gabinetes do poder em Brasília.

Weverton chegou a admitir ter recebido o Careca do INSS em seu gabinete, mas outro aliado de Lula, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre impôs sigilo nos registros de entradas de visitantes aos gabinetes. Uma manobra obscura de um governo manchado pela censura e ocultação de informações.

Weverton, Lupi e Lula

O elo entre Gaspar e Weverton Rocha evidencia a facilidade do senador em emplacar no governo Lula aliados em postos estratégicos do governo federal e do próprio INSS—conseguiu nomear inclusive seu indicado para comandar benefícios do instituto, função investigada pela Polícia Federal por suspeita de propina milionária.

A disputa interna no PDT e seu histórico de costuras políticas mostram que Weverton hoje tem mais protagonismo junto ao governo Lula do que Carlos Lupi, presidente licenciado do partido e ex-ministro da Previdência, que teve de ser demitido por Lula apóso escândalo explodir.

A ligação de Lupi com Lula é histórica e explícita. Carlos Lupi já foi acusado de envolvimento em diversos escândalos nos governos do PT, tanto sob Lula quanto Dilma Rousseff, principalmente quando esteve à frente do Ministério do Trabalho e, mais recentemente, no Ministério da Previdência.

Escândalos no Ministério do Trabalho (Governo Lula e Dilma)Durante sua gestão entre 2007 e 2011, Lupi foi acusado de favorecimento a ONGs por meio de convênios irregulares, enriquecendo aliados do PDT e acumulando cargos públicos ilegalmente. Investigações mostraram que assessores do Ministério cobravam propinas para liberar recursos, com conhecimento direto de Lupi.

Além disso, denúncias revelaram que ele utilizou aeronaves pagas por ONGs beneficiadas com contratos do seu ministério, contradizendo relatos públicos do então ministro.

Lula só demitiu Lupi após forte desgaste político e pressão dos escândalos do INSS.

Quando o PDT, por influência de sua bancada no Senado liderada por Weverton, decidiu permanecer na base de apoio ao Planalto, neste ano, apesar dos escândalos e da tentativa de dissidência após a saída de Lupi do ministério devido à explosão da “farra do INSS”, Lula mandou sua tropa de choque no Congresso tentar barrar a CPMI do INSS, sem sucesso. Agora a CPMI presidida por Carlos Viana da oposição revela podres da máquina governamental que lesa o país e neste caso, corrói o dinheiro dos aposentados.

O vergonhoso esforço do Planalto para abafar a CPMI

Senador Weverton e Lula

O governo federal tentou de todas as formas barrar a instalação da CPMI que apura as fraudes, numa vexatória demonstração do medo de que o rastro de propinas e o conluio de interesses fosse exposto ao grande público.

Lideranças governistas atuaram no Congresso para sufocar os pedidos de investigação, culpando gestões passadas e acusando a oposição de palanque político, enquanto o presidente Lula afirmava não ter pressa para apurar responsabilidades, em claro desprezo às vítimas do maior roubo previdenciário da história recente.

Uma máquina de corrupção atravessando poderes

O escândalo do INSS expõe os subterrâneos de Brasília, onde operadores, parlamentares, dirigentes partidários e integrantes do governo se entrelaçam em esquemas de saque ao dinheiro dos aposentados. Não se trata de um crime contra o “Estado”, mas de um assalto cruel ao bolso dos mais indefesos—e revela a promiscuidade do sistema político nacional, em que partidos da base de Lula, como o PDT, se revezam no controle de postos-chave para garantir propinas e sustentação palaciana.

A resistência do Planalto à transparência e à responsabilização só reforça a suspeita: o governo não quer perder a chave do cofre, e a CPMI ameaça abrir a caixa-preta de uma corrupção sistêmica, alimentada pela indiferença de quem deveria proteger a velhice e a dignidade dos cidadãos, mas opta por proteger os próprios aliados e a manutenção do poder.


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