Polícia Federal passa a investigar mortes por metanol em bebidas em São Paulo

A Polícia Federal anunciou nesta terça-feira (30) a abertura de uma investigação após a confirmação de três mortes e diversos casos de intoxicação provocados pelo consumo de bebidas alcoólicas adulteradas com metanol na Grande São Paulo.

O mais recente óbito ocorreu com o advogado Marcelo Lombardi, de 45 anos, dono de uma imobiliária na região do Sacomã, Zona Sul de São Paulo. Ele morreu no domingo (28), em decorrência de uma parada cardiorrespiratória e falência múltipla de órgãos, conforme atestado de óbito que indica intoxicação por metanol como causa principal.

O corpo foi velado em São Caetano do Sul e sepultado em Santo André na terça-feira (30). A irmã e sócia de Marcelo revelou que ele acordou desorientado e sem visão, tendo passado muito mal após consumir uma bebida alcoólica adulterada, sem saber dizer onde adquiriu o produto.

Outras duas mortes confirmadas ocorreram com um homem de 54 anos, morador da Zona Leste da capital paulista, que apresentou sintomas em 9 de setembro e faleceu no dia 15; e com um homem de 58 anos, em São Bernardo do Campo, que morreu no Hospital de Urgência da cidade em 24 de setembro.

Há ainda um quarto óbito em investigação e aproximadamente dez casos suspeitos sendo acompanhados em hospitais, alguns com sequelas graves, como cegueira e convulsões.

Caso de cegueira grave

Entre os casos de intoxicação, destaca-se o de Radharani Domingos, de 43 anos, designer de interiores que ingeriu três caipirinhas com vodca em um bar dos Jardins, Zona Oeste de São Paulo, no início de setembro. Ela desenvolveu sintomas graves, ficando cega e precisou ser intubada na UTI com convulsões.

A Polícia Civil realizou fiscalização no bar e apreendeu 117 garrafas de bebidas sem rotulagem adequada.

O que é o metanol

O metanol (CH3OH) é uma substância altamente tóxica, inflamável e de difícil identificação, diferente do etanol usado nas bebidas alcoólicas consumidas. Seu consumo pode causar intoxicações graves, culminando em cegueira, falência de órgãos e morte.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, a investigação fica a cargo da Divisão de Investigações sobre Infrações contra a Saúde Pública da Polícia Civil paulista. As garrafas apreendidas em comércios serão enviadas para perícia e análise laboratorial.

Há indícios de que o metanol utilizado nessas adulterações possa estar relacionado a uma rede criminosa que também atua na falsificação de combustíveis na região.

O Ministério da Justiça e Segurança Pública notificou que, desde junho, foram registrados nove casos de intoxicação por metanol em São Paulo, todos resultando do consumo de bebidas adulteradas. O número é considerado excepcional e fora do padrão, o que reforça a necessidade de resposta rápida das autoridades.

Recomendações e cuidados

As autoridades alertam para que a população evite consumir bebidas alcoólicas de procedência desconhecida ou sem lacre e selo de segurança, e para que estabelecimentos comerciais redobrem a fiscalização sobre a origem dos produtos. Sintomas após ingestão de bebidas suspeitas incluem dor abdominal, náusea, vômitos, visão turva e até convulsões, sendo imprescindível o atendimento emergencial imediato em caso de suspeita.


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