Subiu para seis o número de mortes por ingestão de bebida alcoólica adulterada com metanol confirmadas em São Paulo, com dezenas de casos graves ainda em investigação.
A cidade de São Bernardo do Campo, na Grande SP, tem mais um caso suspeito de morte por contaminação de metanol em bebidas alcoólicas. O novo óbito está sendo investigado pela Secretaria Municipal de Saúde e ainda não foi notificado oficialmente às autoridades de saúde do estado.
Segundo o secretário municipal de Saúde de São Bernardo, Jean Gorinchteyn, trata-se de um homem de 49 anos que morreu em casa na noite de terça-feira (30), no bairro de Rudge Ramos.
“Durante a noite nós recebemos a informação de que um homem de 49 anos, com exposição à bebida alcoólica, que evoluiu de forma súbita à morte na sua residência. Portanto, todas as nossas equipes de vigilância sanitária já estão articuladas para melhor compreensão e, ser for o caso, notificar para as autoridades estaduais. É um caso altamente suspeito”, disse Gorinchteyn.
O secretário afirmou que, além da nova morte, São Bernardo já notificou mais três novos casos suspeitos de pacientes intoxicados por metanol às autoridades do estado.
As três pessoas estão internadas no Hospital de Urgência de SBC. No total, a cidade de SBC tem 13 casos suspeitos em investigação, segundo a pasta.
Desse total, são quatro mortes suspeitas e oito pessoas casos de intoxicação de pessoas ainda internadas.
Entre as vítimas no estado de São Paulo há um médico cardiologista, além de outros nomes que tiveram suas vidas profundamente impactadas após consumir as bebidas contaminadas.
Vítimas confirmadas e suas histórias
-Marcelo Lombardi, 45 anos, médico cardiologista e empresário, morador do Sacomã, Zona Sul de São Paulo, faleceu após ingerir vodca adulterada em casa. Marcelo apresentou rápido agravamento clínico, incluindo perda da visão, falência múltipla dos órgãos e parada cardiorrespiratória. Segundo familiares, ele era pilar da família.
-Wesley Pereira, 31 anos, está internado em estado grave no Hospital do Campo Limpo desde agosto. Após consumir uísque em uma festa, apresentou sintomas graves incluindo perda irreversível da visão, AVC e insuficiência renal, permanecendo em coma e sob cuidados intensivos. Sua família alerta para a gravidade da intoxicação
-Radharani Domingos, 43 anos, designer de interiores, perdeu completamente a visão após beber caipirinhas com vodca adulterada em bar no bairro dos Jardins, região nobre de São Paulo. O bar foi interditado pelas autoridades e ela permanece em tratamento oftalmológico
-Bruna Araújo de Souza, 30 anos, internada em estado grave em São Bernardo do Campo após consumir vodca adulterada em show de pagode. Apresentou sintomas como falta de ar e visão embaçada, necessitando entubação e cuidados intensivos.
Outros dois homens, um de 38 anos residente na região da Mooca/Aricanduva e outro de 48 anos, também faleceram após consumir bebidas adulteradas. O caso do homem da Mooca é um dos primeiros registrados e envolve atendimento em unidade de saúde privada.
Ao todo, são 25 casos registrados, sendo 7 confirmados e 18 em investigação. As autoridades relatam que o volume de ocorrências está “fora do padrão”, e que a toxicidade do metanol levou à procura intensificada pelos serviços de saúde.
Investigação e ações das autoridades
O governo do Estado montou um gabinete de crise para acompanhar o caso. A Polícia Civil de São Paulo intensificou as investigações, resultado na prisão de suspeitos em Americana que são apontados como responsáveis pela fabricação clandestina das bebidas adulteradas.
Bares e adegas foram interditados, como o bar Ministrão (Jardins), onde foram apreendidas cerca de 100 garrafas com suspeita de adulteração, e o bar Torres, na Mooca.
O Centro de Vigilância Sanitária alerta a população para evitar adquirir bebidas sem procedência, lacre ou selo fiscal, e pede atenção a sinais de adulteração, como preços muito abaixo do mercado e sabor ou odor estranhos.
O que é o metanol e seus efeitos
O metanol é um álcool líquido, incolor e altamente tóxico, usado industrialmente como solvente. Sua ingestão provoca náusea, vômito, perda da visão, coma e morte, dependendo da dose. Pequenas quantidades podem causar cegueira e doses maiores são letais.
Casos semelhantes foram observados em contextos de falsificação, onde o metanol é adicionado para aumentar a graduação alcoólica ou volume das bebidas ilegais.
Alerta para a população
As autoridades federais, estaduais e o setor privado reforçam a necessidade de alerta para o consumo seguro e responsabilização dos envolvidos na falsificação das bebidas.O ministro da Saúde, em coordenação com a Secretaria Estadual, determinou a notificação imediata e monitoramento rigoroso dos casos, além da realização de campanhas para que a população evite o consumo de bebidas alcoólicas fora do mercado regular.
Este surto em São Paulo é uma das crises de intoxicação por bebidas mais graves das últimas décadas, exigindo ampla colaboração entre órgãos de segurança, saúde pública e controle sanitário para evitar novas tragédias.

