Os postos de gasolina da rede Corinthians estão ligados a alvos de uma megaoperação da Polícia e do Ministério Público de São Paulo contra o Primeiro Comando da Capital (PCC), uma das maiores facções criminosas do Brasil.
Investigações já identificaram pelo menos três postos oficiais de bandeira branca divulgados pelo próprio clube em endereços na Zona Leste de São Paulo, registrados na Agência Nacional do Petróleo (ANP) em nomes de empresários investigados pela Operação Carbono Oculto.
Como funciona a rede
Os postos licenciados pelo Corinthians operam sob diferentes razões sociais: Auto Posto Mega Líder Ltda, Auto Posto Mega Líder 2 Sociedade Unipessoal Ltda e Auto Posto Rivelino Ltda, sendo todos oficialmente comunicados no site institucional do clube entre 2021 e 2023.
Esses três estabelecimentos funcionam como “Posto Corinthians” e aparecem nos registros oficiais ligados diretamente a investigados por lavagem de dinheiro do PCC.
Quem são os investigados
Os nomes centrais associados aos postos são Pedro Furtado Gouveia Neto, Himad Abdallah Mourad e Luiz Ernesto Franco Monegatto, empresários ligados ao esquema do PCC e citados como sócios de mais de 250 postos de combustíveis em quatro estados, além de serem suspeitos de lavagem de dinheiro.
Mohamad Hussein Mourad é apontado como articulador do grupo responsável pela administração dos pontos.
Modus operandi e lavagem de dinheiro
A facção utilizava postos de combustíveis, motéis e empresas de fachada para lavar dinheiro, esconder a origem dos recursos e ampliar o alcance no mercado formal.
Investigações indicam que empresários do setor de combustíveis eram coagidos, sob ameaça de morte, a vender seus postos ao grupo criminoso, muitas vezes sem receber valores acordados, garantindo o controle direto da cadeia de distribuição.
A movimentação financeira dos postos ligados ao PCC ultrapassa bilhões de reais apenas nos últimos anos, segundo estimativas oficiais.

Posição do Corinthians
O clube Corinthians afirma oficialmente que não administra os postos diretamente, mas apenas licencia a marca por meio de uma empresa que intermedeia contratos com donos de postos. Alega acompanhar as investigações, podendo adotar medidas jurídicas ou rescindir contratos caso irregularidades sejam confirmadas.
O ex-presidente Duilio Monteiro Alves ressalta que os contratos preveem cláusulas de responsabilização sobre a operação dos postos.
Consequências e investigações
O Ministério Público de São Paulo investiga não apenas a ligação dos postos, mas suspeitas de infiltração do PCC em antigas administrações do clube, incluindo negociação de imóveis para jogadores e contratos com outras empresas.
A situação pode levar à revogação da autorização de funcionamento dos postos pela ANP se for comprovada ilegalidade.
A Operação Carbono Oculto segue como a maior ofensiva contra um esquema empresarial do crime organizado no mercado de combustíveis brasileiro.
Metanol
A Operação Carbono Oculto investiga um esquema bilionário de fraude, lavagem de dinheiro e adulteração de combustíveis, no qual o metanol é usado para adulterar gasolina e etanol vendidos em postos ligados ao PCC. O metanol, um solvente tóxico, tem um custo baixo e é usado para aumentar o volume do combustível adulterado, com percentuais que variam entre 2% e até 90%, bem acima do limite permitido pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), que é de 0,5%.
O esquema utilizava importações ilegais de metanol armazenado em terminais portuários, como o de Santos e Paranaguá, que eram desviados para postos clandestinos e legalizados para mistura nos combustíveis, favorecendo a lavagem de dinheiro. A operação revelou ainda que o metanol importado e usado para adulteração de combustíveis pode ter sido redirecionado para destilarias clandestinas de bebidas alcoólicas, o que pode explicar os recentes casos de intoxicação e mortes por consumo de bebidas adulteradas no estado de São Paulo.
Esse redirecionamento teria ocorrido após a deflagração da operação, que paralisou muitas transportadoras e empresas do esquema, obrigando o grupo criminoso a escoar o metanol por outros canais ilegais, aumentando os riscos à saúde pública. As investigações consideram possível conexão entre o crime organizado responsável pela adulteração de combustíveis e casos de envenenamento por metanol em bebidas alcoólicas.
Resumidamente, a relação da Operação Carbono Oculto com o metanol se dá pela descoberta do uso massivo e ilegal dessa substância na adulteração de combustíveis, atividade ligada ao PCC, com consequências graves para a saúde pública e para o mercado legal de combustíveis e bebidas.

