CPMI revela que fraudes no INSS vitimaram 5,7 milhões de brasileiros

Dados mostram apenas os que já reclamaram de descontos indevidos

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) apresentou dados alarmantes nesta semana, mostrando que mais de 5,7 milhões de beneficiários do INSS relataram terem sido vítimas de descontos ilegais em seus benefícios previdenciários.

O presidente da CPMI, senador Carlos Viana, afirmou que a comissão está desvendando uma “máfia bilionária” que corrompeu servidores e se amparou em relações políticas para crescer, realizando doações eleitorais e ter acesso privilegiado aos órgãos públicos para facilitar as fraudes.

Esse número expressivo evidencia a dimensão e a complexidade do esquema bilionário de fraudes que vem lesando aposentados e pensionistas em todo o país e ainda pode crescer. Os dados reúnem os números apenas dos que já reclamaram oficialmente.

Os dados enviados pela Dataprev, empresa responsável pelo processamento de dados do INSS, indicam que enquanto mais de 5,7 milhões de brasileiros reconheceram ter sofrido descontos indevidos, apenas cerca de 125 mil beneficiários admitiram ter autorizado tais cobranças.

Grande parte das vítimas alega ter sido enganada por golpistas que usaram documentos falsos para aplicar os descontos.

A CPMI identificou que os descontos ilegais incluíam cobranças por empréstimos consignados não solicitados, taxas abusivas ou venda casada de produtos financeiros. A investigação também expôs a atuação de uma rede criminosa que usava empresas de fachada e servidores públicos para promoverem o golpe.

Uma das empresas na mira da comissão é a Crefisa, sob suspeita de vendas e cobranças ilegítimas para milhares de aposentados.

Desde maio de 2025, houve variações no volume de denúncias, que chegaram a 2,5 milhões naquele mês, caíram e depois subiram em alguns meses seguintes, demonstrando que o problema não foi completamente erradicado mesmo após ações policiais recentes.

Entre os principais investigados está o empresário Fernando dos Santos Andrade Cavalcanti, ex-sócio do advogado Nelson Wilians, ambos alvo de operações da Polícia Federal e alvo de quebras de sigilo bancário. Cavalcanti é acusado de atuar como “laranja” em um esquema que movimentou grandes valores e bens de luxo incompatíveis com sua renda declarada, incluindo carros caros, adegas milionárias e relógios caros. Ele ainda negou envolvimento direto nas fraudes durante depoimento à CPMI, mas as investigações continuam em andamento.

A comissão já aprovou requerimentos para convocação de depoimentos de ex-servidores do INSS e investigados ligados ao esquema, além de pedidos para prisão preventiva de 21 suspeitos, que estão sob análise do Supremo Tribunal Federal.

A CPI também requer a continuidade da investigação para identificar o destino dos recursos desviados e responsabilidades políticas.

O relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar, destacou a demora das instituições no combate às fraudes e a necessidade de respostas rápidas para proteger os aposentados e pensionistas. Ele afirmou que a CPMI busca dar transparência a um problema que afeta milhões de brasileiros e compromete a sustentabilidade da Previdência.

Lista atualizada dos presos efetivos na Operação Sem Desconto e situação atual:

Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS” — Preso desde 12 de setembro de 2025 pela Polícia Federal. Continua preso. É apontado como intermediário do esquema de fraudes, responsável por receber e distribuir recursos desviados.

Maurício Camisotti — Empresário preso junto com o Careca do INSS. Também continua preso e é investigado como beneficiário final.

Carlos Roberto Ferreira Lopes — Presidente da Conafer. Preso em flagrante pela CPMI no dia 30 de setembro de 2025. A situação atual é prisão mantida.

Seis empresários ligados a entidades associativas no Ceará — Presos preventivamente na primeira fase da operação, permanecem custodiados.

Dois empresários em Sergipe — Presos preventivamente em junho de 2025, permanecem presos.

Os presos da primeira fase permanecem detidos até o momento e são acusados de envolvimento direto no esquema que causou um prejuízo estimado em R$ 6,3 bilhões ao INSS.


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