Gêmea de ‘serial killer’ é indiciada por 4 homicídios cometidos com irmã

Roberta Fernandes foi interrogada na delegacia que investiga caso em Guarulhos

A investigação sobre Ana Paula Veloso Fernandes e sua irmã gêmea, Roberta Cristina Veloso Fernandes, ganhou novos desdobramentos após o detalhamento dos depoimentos de Roberta e a formalização do seu indiciamento como cúmplice dos assassinatos.

As duas foram presas sob suspeita de envolvimento em uma série de homicídios por envenenamento, praticados entre janeiro e maio de 2025, em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Interrogatório de Roberta Cristina Veloso Fernandes

O depoimento presencial de Roberta ocorreu no 1º Distrito Policial de Guarulhos, na terça-feira, 14 de outubro, com duração de aproximadamente três horas. Ela respondeu a perguntas sobre sua participação e conhecimento dos crimes atribuídos à irmã Ana Paula. As investigações indicam que Roberta teria atuado como consultora e facilitadora, ajudando no planejamento, cobertura dos rastros e na divisão dos lucros obtidos com os assassinatos encomendados.

Segundo apuração da Polícia Civil e informações prestadas à defesa, Roberta teria tido participação ativa principalmente na execução do assassinato de Neil Corrêa da Silva, de 65 anos, morto por ingestão de feijoada envenenada, em abril, no Rio de Janeiro.

O crime teria sido encomendado por Michelle Paiva da Silva, filha da vítima, que também foi presa. Em seu depoimento, Roberta relatou que as irmãs chegaram a brigar e romper relações por causa da partilha do dinheiro obtido com o assassinato, revelando o caráter mercenário do esquema e dificuldades internas da dupla.

Fontes dos autos do inquérito confirmam que Roberta negou envolvimento direto na administração do veneno, mas admitiu que esteve presente no local em alguns casos e tinha ciência dos planos da irmã, o que foi interpretado pela polícia como indicação de coautoria e associação criminosa.

Detalhes sobre o Indiciamento

O indiciamento de Roberta foi reforçado por evidências como conversas recuperadas de aplicativos de mensagens, movimentações financeiras e a atuação como conselheira da irmã, ajudando tanto no recrutamento de vítimas quanto na tentativa de desvio do foco das investigações. A polícia também apontou relatos de Roberta sobre a divisão dos lucros e a função de “cúmplice e consultora”, além da sua tentativa de criar álibis para Ana Paula.

De acordo com o despacho do Ministério Público, Roberta Cristina Veloso foi indiciada formalmente como coautora pelo homicídio qualificado das quatro vítimas e pela participação em associação criminosa e ocultação de provas. O mesmo documento destaca que sua conduta agravou a frieza e eficiência do plano, ao atuar também em tarefas de comunicação e simulação de relacionamentos das vítimas com Ana Paula – inclusive simulando gravidez em um dos casos.

Motivações

A motivação dos crimes, segundo investigação, era principalmente financeira: os lucros eram divididos entre as envolvidas e, em alguns casos, relacionadas a disputas patrimoniais e de herança. Os próximos passos do inquérito incluem novas perícias, análise de dispositivos eletrônicos e o aprofundamento das diligências para identificar possíveis outros envolvidos ou crimes relacionados.

A defesa de Roberta, por meio do advogado Almir da Silva Sobral, insiste que não há provas materiais que atestem a participação direta de sua cliente, e que novas oitivas e perícias poderão esclarecer eventuais dúvidas e limitarem sua responsabilização.

A atuação das irmãs Veloso, marcada por manipulação emocional, tentativas de desvio de investigação e uma notória disputa interna por dinheiro, revela a complexidade do caso e o grau de organização dos assassinatos, que mobilizou a atenção nacional e levou à prisão preventiva das acusadas, cuja defesa segue tentando reverter as acusações.


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