Saiba a história cabeluda de mentiras contadas por Lula e outros corruptos que ajudaram com verba pública o crescimento atômico dos espertalhões
Por Victório Dell Pyrro
O Brasil acaba de assistir a mais um dos capítulos emblemáticos e contraditórios da sua história econômica e política recente.
O grupo J&F Investimentos, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, comprou parte da Eletronuclear, empresa responsável pelas usinas de Angra dos Reis. Em outras palavras, quem um dia confessou ter corrompido presidentes da República, ministros e congressistas, agora passa a dividir a tutela da energia atômica nacional.
O negócio foi selado pela Âmbar Energia, braço da J&F, que desembolsou cerca de R$ 535 milhões para adquirir 68% do capital total e 35% do capital votante da Eletronuclear, até então sob o controle da Eletrobras.
O governo, por meio da estatal ENBPar, continua com maioria de votos, mas a presença do clã Batista no setor nuclear simboliza algo muito maior do que um simples investimento — é a consagração de um poder econômico que floresceu justamente à sombra do poder político que ajudou a corromper.
Este atual governo de Lula tem estreitas relações com os irmãos Batista. Representantes da Âmbar Energia, companhia do grupo J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, foram recebidos 17 vezes fora da agenda oficial pelo Ministério de Minas e Energia do governo Lula só no ano passado. Isso aconteceu dias antes da publicação de uma medida provisória (MP) que beneficiou a empresa e repassou um custo bilionário para o cidadão brasileiro.
No dia 13 de junho de 2024, o governo Lula emitiu a MP que beneficia a empresa ligada aos irmãos Batista e que será paga por até 15 anos pelo cidadão brasileiro. O impacto pode passar de R$ 2 bilhões anualmente.
Isso ocorre porque a Âmbar comprou, no ano passado, 13 usinas da Eletrobras, 12 das quais eram da Amazonas Energia, que tinha uma dívida de aproximadamente R$ 10 bilhões. Três dias depois disso, o governo publicou a MP 1.232/2024, que determina que os contratos de fornecimento das termoelétricas sejam transformados em contratos de energia de reserva (CER), que serão pagos pela população brasileira. Claro, nós, os que não conhecemos as entranhas podres do poder.
O Império J&F: um bilionário “projeto nacional”
A trajetória da J&F é, em si, um retrato do Brasil dos últimos vinte anos. Um grupo familiar que saiu do interior de Goiás e se transformou em um dos maiores conglomerados de proteína animal do mundo — graças, em grande parte, à generosidade dos cofres públicos durante os governos Lula e Dilma Rousseff.
Entre 2007 e 2015, o BNDES injetou mais de R$ 10 bilhões só na JBS sem falar em outras inúmeras empresas do grupo, sob o pretexto de “formar um campeão nacional”.
O discurso lulista era de fortalecimento da indústria brasileira e expansão global. O resultado foi outro: a família Batista construiu um império internacional — mas o Brasil ficou com o ônus dos empréstimos e o escárnio das delações que vieram depois.
Durante os governos Lula, a JBS foi o símbolo do capitalismo de compadrio — aquele em que a fronteira entre empresário e governo se torna tênue, quase simbiótica, com uso do dinheiro do povo para benefício pessoal da malandragem.
No governo Dilma do PT, o grupo consolidou-se como potência mundial, comprando frigoríficos nos Estados Unidos, Europa e Austrália, sempre com crédito farto e apoio político silencioso e corrupto como o de hábito. Quando a Lava Jato estourou, a teia começou a se desfazer: os irmãos Batista admitiram ter pago propinas a mais de 1.800 políticos de praticamente todos os partidos. Um lamaçal de corrupção.
A pobre Lava Jato teve de ser sufocada por estes mesmos marginais e com o apoio Supremo de ministros do STF que acabaram de vez com a única luz judicial que surgiu na história do Brasil contra esses larápios.
Isso mesmo! A cúpula da “justiça” brasileira enterrou a Lava Jato em benefício próprio e dos outro amigos dos amigos do meu pai, como diria um certo bandido descarado da Odebrecht, que apelidava gente que gostava de um troco da fortuna roubada.
Temer: o ponto de ruptura
Mas o auge da cara de pau da justiça conivente com o crime e do poder dos Batista veio com o governo Michel Temer.
A gravação de Joesley Batista em um diálogo constrangedor com o então presidente — sobre propinas e silêncios — derrubou o país em uma crise institucional sem precedentes. O caso resultou em delações premiadas, na prisão dos executivos e, mais tarde, em um acordo bilionário de leniência com o Ministério Público.
Para o conforto de todos “melhor manter isso aí” diria um certo vampiro do sangue e suor dos trabalhadores de verdade. Deu no que? Em nada, ou melhor, em energia atômica!
Mesmo assim, com tanto escândalo, mas sem cadeia, o tempo passou — e a fortuna dos Batista continuou intacta. As delações não levaram à ruína: levaram à reorganização. A J&F se reposicionou no mercado, ampliou a presença no setor financeiro e, agora, entra oficialmente no setor nuclear — o mais sensível e estratégico do Estado brasileiro.
Da carne ao urânio: um salto que desafia a moral pública
A ironia é evidente. O grupo que um dia se tornou símbolo do submundo da política brasileira agora surge como sócio do Estado na produção de energia atômica — um ativo estratégico, vital para a soberania nacional. A Eletronuclear opera as usinas Angra 1 e Angra 2 e tenta há décadas concluir Angra 3, um projeto atolado em corrupção, superfaturamento e atrasos que somam mais de 40 anos.
A operação de compra transfere à J&F responsabilidades vultosas: dívidas, garantias e debêntures que somam R$ 2,4 bilhões. Mas transfere também poder político, acesso a informações sensíveis e influência sobre uma área que envolve riscos ambientais, técnicos e militares.
Para o cidadão comum, soa como um roteiro de ficção distópica: delatores de corrupção agora se tornam “cuidadores” da energia nuclear brasileira.
O retorno silencioso do poder
O caso J&F/Eletrobras/Eletronuclear escancara algo que o Brasil parece incapaz de romper: o ciclo da impunidade e do retorno ao poder. Os irmãos Batista confessaram crimes, fizeram acordos, foram presos, saíram, reconstruíram seus negócios e agora voltam, mais fortes e mais legitimados do que nunca — com bênção regulatória, aprovação governamental e aplausos de parte do mercado. Trajetória muito similar à de Lula que foi pego com produtos do roubo, sentado nos pedalinhos dos netinhos na lagoa singela do sítio que “não era dele”, mas só ele usava, assim como o Triplex que nunca foi dele, mas que tinha elevador e kits cozinha comprados pelo mesmo marginal que presenteou a cozinha da falecida dona Marisa no interior de Atibaia.
Agora, a Âmbar Energia, que já opera termelétricas e fatura alto com os apagões e projetos de geração distribuída, é o novo rosto “limpo” da J&F — o mesmo grupo que construiu fortuna com corrupção e carne, e que agora entra na seara atômica com ares de modernização e transição energética.
O governo Lula 3, que tenta equilibrar discurso social e pragmatismo econômico, finge que não tem nada a ver com a nova aquisição de seus pupilos e silencia diante da operação. O mesmo Estado que outrora financiou o império Batista com o BNDES agora lhes concede um selo de confiança nuclear.
As perguntas que ninguém faz
Como um grupo que confessou ter corrompido o Estado pode voltar a ser parceiro estratégico desse mesmo Estado em um setor tão sensível?
Por que o Brasil não exige filtros éticos rigorosos na escolha de investidores para áreas nucleares e de defesa?
E, sobretudo: que mensagem isso transmite à sociedade — a de que o crime compensa, ou a de que basta ter capital suficiente para comprar a reabilitação moral?
A compra da Eletronuclear pela J&F é mais do que um negócio. É um símbolo. Um retrato de um país que parece incapaz de separar poder econômico de influência política, e que trata a corrupção como etapa de aprendizado empresarial.
Os irmãos Batista ficaram poderosos com o mundo da carne e agora tocam o urânio. De delatores a investidores atômicos, eles personificam o Brasil que premia o escândalo e recicla seus protagonistas. O país onde quem rouba o Estado pode, mais cedo ou mais tarde, voltar a governar com ele — desde que pague o preço certo e não faça piadas como Moro fez sobre Gilmar Mendes.

