George Santos, ex-deputado dos EUA e filho de brasileiros, é solto após perdão de Trump

O ex-deputado republicano George Santos, filho de imigrantes brasileiros, deixou a prisão federal de Fairton, em Nova Jersey, na madrugada deste sábado (18), poucas horas depois de o presidente Donald Trump assinar o perdão presidencial que anulou sua sentença de sete anos por fraude eletrônica, roubo de identidade e falsidade ideológica .

A libertação foi confirmada por seu advogado, Joseph Murray, à agência Associated Press (AP).

Segundo o defensor, Santos foi recebido por familiares na saída da penitenciária e deve retornar a Nova York nos próximos dias para iniciar o cumprimento das condições impostas pela comutação — como o pagamento de multas e restrições de natureza civil .

O decreto presidencial

Em publicação na plataforma Truth Social, Trump justificou o perdão alegando que Santos havia sido vítima de maus-tratos e confinamento prolongado durante o cumprimento da pena.
“George passou longos períodos em confinamento solitário e, segundo todos os relatos, foi terrivelmente maltratado. Portanto, acabo de assinar uma comutação de pena, libertando George Santos IMEDIATAMENTE. Boa sorte, George, e tenha uma ótima vida!”, escreveu o presidente em tom de celebração .

A decisão, assinada na noite de sexta-feira (17), foi publicada no Federal Register no início da manhã deste sábado, com efeito imediato. Trata-se do primeiro indulto presidencial concedido por Trump desde seu retorno à Casa Branca em janeiro de 2025.

A trajetória e o casoSantos, eleito em 2022 por um distrito de Nova York tradicionalmente democrata, ganhou notoriedade por fabricar boa parte de sua biografia, incluindo mentiras sobre diplomas universitários, empregos em grandes bancos e até sobre ascendência familiar de sobreviventes do Holocausto.

Após a posse, vieram à tona evidências de que ele usou identidades falsas e doações fraudulentas para arrecadar fundos de campanha. Em agosto de 2024, admitiu os crimes diante da Justiça e foi condenado a sete anos de prisão, além de multa de US$ 580 mil.

Expulso da Câmara dos Representantes em 2023, o político, de 37 anos, mantinha o apoio de parte da base republicana mais leal a Trump, que via nele um “perseguido pelo sistema e pela imprensa”.Durante o julgamento, Santos afirmou que sua sentença fora “excessiva” e que estava “profundamente arrependido”, embora tenha insistido, em entrevistas, que foi alvo de “injustiça política e midiática”.

A medida de Trump provocou reações imediatas nos Estados Unidos. Parlamentares democratas e veículos de imprensa criticaram o perdão, considerando-o um gesto de autoproteção partidária e um aceno a figuras de extrema lealdade ao presidente.

O senador Chuck Schumer classificou a decisão como “um tapa na cara da ética republicana”, enquanto o jornal The Washington Post descreveu o ato como “o símbolo perfeito da era Trump — perdoar quem mentiu, trapaceou e, no fim, foi útil”.

Entre apoiadores, porém, predominou o discurso de “reparação”. Nas palavras do próprio advogado de Santos: “Uma grande injustiça foi corrigida. Deus abençoe o presidente Donald J. Trump, o maior presidente da história dos Estados Unidos!”.

George Santos deverá permanecer sob vigilância judicial por dois anos, cumprir restrições financeiras e participar de programas de reabilitação previstos pela comutação. Fontes próximas afirmam que ele planeja lançar um livro autobiográfico nas próximas semanas e retomar sua carreira política sob o lema “Redenção e Libertação”.

Com o perdão, Trump sinaliza mais uma vez que não hesitará em confrontar o establishment judicial, mesmo ao custo de fortalecer a imagem de impunidade entre aliados condenados. Para críticos, o caso Santos é a tradução literal da máxima trumpista: “Lealdade paga — mesmo que em liberdade”.


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