Lula erra gravemente ao dizer que traficantes são vítimas: criminalizar usuários é distorcer a lei e a realidade

Por Victório Dell Pyrro

Durante entrevista em Jacarta (Indonésia), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva gerou forte repercussão ao afirmar que “traficantes são vítimas dos usuários” e que seria “mais fácil combater os viciados internamente”.

A fala, feita em resposta a declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre o combate ao narcotráfico, provocou críticas imediatas por confundir conceitos legais e éticos fundamentais no debate sobre drogas.

A declaração revela uma perigosa inversão de papéis. No Brasil, a Lei nº 11.343/2006, a chamada Lei de Drogas, é clara: usuários dependentes são objeto de atenção, tratamento e reinserção social, enquanto traficantes são alvos da repressão penal.

Essa distinção tem fundamento constitucional e científico — reconhece que a dependência química é uma doença, segundo a Organização Mundial da Saúde. O usuário precisa de políticas públicas, não de algemas.

Segundo estudo da Fiocruz, mais de 3,5 milhões de brasileiros enfrentam dependência química severa, sendo 11,7 milhões com quadros de alcoolismo. São pessoas que padecem de distúrbios mentais e dificuldades socioeconômicas, frequentemente abandonadas pelo Estado e pelas famílias .

Criminalizá-las seria agravar o problema de saúde pública que exige justamente empatia, reabilitação e investimento em prevenção — e não discursos reducionistas.

Ao mesmo tempo, o país enfrenta uma escalada sem precedentes do poder das facções criminosas. PCC e Comando Vermelho movimentam bilhões com o tráfico internacional de drogas, lavagem de dinheiro e corrupção de agentes públicos.

Em 2025, investigações indicam que o Comando Vermelho domina redes de tráfico em 13 estados e até cria mecanismos financeiros próprios, como “bancos digitais” clandestinos. São organizações criminosas com estrutura empresarial, vínculos internacionais e histórico de execuções bárbaras.

Chamá-los de “vítimas” é ignorar a realidade brutal que eles impõem às periferias do país.

A visão proposta por Lula, ainda que pretensamente humanista, acaba por misturar vítimas e algozes, transmitindo uma mensagem moralmente perigosa: a de que assassinos, sequestradores e traficantes podem ser compreendidos com as mesmas lentes da vulnerabilidade social. Não podem. A política de drogas exige nuances, mas também exige rigor.

Em vez de deslocar a culpa do tráfico para o vício, o Brasil precisa fortalecer a rede de tratamento público, combater frontalmente as facções e avançar em políticas baseadas em evidências científicas.

A dependência química não é crime — mas o tráfico é um dos pilares do crime organizado, e a omissão diante dele alimenta o caos.

Ao trocar a responsabilidade dos criminosos pela “culpa dos usuários”, Lula não apenas distorce a lei — ele confunde moral com conivência.

Num país onde chefes do PCC e do CV vivem em luxo enquanto milhares morrem nas cracolândias e nos morros, a última coisa que o Brasil precisa é ouvir de seu presidente que traficantes são vítimas. As vítimas reais estão nas ruas — e não nas fortunas dos criminosos.

Não acredita? Assista um trecho:

A impunidade do crime organizado não pode ser mascarada com retórica sociológica. Mostra que estamos no fundo do poço da civilidade com inversão total de papéis e valores. Claro! o que se poderia esperar de um ex-presidiário, descondenado, por uma “justiça” questionada dentro e fora do país, por crimes gravíssimos de corrupção e que voltou ao poder? Isso.


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