Megaoperação contra o Comando Vermelho no Rio: veja lista dos 99 já identificados entre os 121 mortos

A “Operação Contenção”, deflagrada no dia 28 de outubro de 2025, nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro, marcou o mais violento confronto da história recente do estado contra o grupo narcoterrorista Comando Vermelho (CV). Com 121 mortos — sendo 117 suspeitos e 4 policiais —, a ação mobilizou 2.500 agentes das polícias Civil e Militar, além de apoio aéreo, blindados e tecnologia de reconhecimento avançada.

O objetivo da megaoperação era desarticular a cúpula nacional do Comando Vermelho, que transformara os dois complexos em quartel-general de comando e logística do crime, controlando o tráfico de drogas em diferentes regiões do país. Foram expedidos cerca de 100 mandados de prisão e 150 de busca e apreensão, numa tentativa de frear a expansão territorial da facção.

Os confrontos mais intensos ocorreram na região da Serra da Misericórdia, onde dezenas de corpos foram localizados após horas de tiroteios. Segundo a Polícia Civil, os criminosos reagiram com armamento pesado — inclusive fuzis calibre 7.62 e metralhadoras antiaéreas —, numa ofensiva que durou mais de 12 horas.

Identificação dos mortos e ligações interestaduais

Até o momento, 99 dos 117 mortos foram identificados. Desses, 78 tinham extensa ficha criminal, com passagens por homicídio, tráfico e roubo. Outros 42 eram procurados com mandados de prisão em aberto. A investigação também revelou a presença de criminosos oriundos de nove estados — incluindo Amazonas, Bahia, Pará, Goiás, Ceará e São Paulo —, o que reforça o caráter nacional da rede coordenada pelo CV.

Veja a lista dos 99 mortos que já foram identificados:

Adailton Bruno Schmitz da Silva
Adan Pablo Alves de Oliveira
Aleilson da Cunha Luz Junior
Alessandro Alves de Souza
Alessandro Alves Silva
Alexsandro Bessa dos Santos
Alisom Lemos Rocha
Anderson da Silva Severo
André Luiz Ferreira Mendes Junior
Arlen João de Almeida
Brendon César da Silva Souza
Bruno Correa da Costa
Carlos Eduardo Santos Felício
Carlos Henrique Castro Soares da Silva
Cauãn Fernandes do Carmo Soares
Célio Guimarães Júnior
Cleideson Silva da Cunha
Cleiton Cesar Dias Mello
Cleiton da Silva
Cleiton Souza da Silva
Cleys Bandeira da Silva
Claudinei Santos Fernandes
Danilo Ferreira do Amor Divino
Diego dos Santos Muniz
Diogo Garcez Santos Silva
Douglas Conceição de Souza
Eder Alves de Souza
Edione dos Santos Dias
Edson de Magalhães Pinto
Emerson Pereira Solidade
Evandro da Silva Machado
Fabian Alves Martins
Fabiano Martins Amancio
Fabio Francisco Santana Sales
Fabricio dos Santos da Silva
Felipe da Silva
Fernando Henrique dos Santos
Francisco Myller Moreira da Cunha
Francisco Nataniel Alves Gonçalves
Francisco Teixeira Parente
Gabriel Lemos Vasconcelos
Gustavo Souza de Oliveira
Hercules Salles de Lima
Hito José Pereira Bastos
Jean Alex Santos Campos
Jeanderson Bismarque Soares de Almeida
Jonas de Azeredo Vieira
Jonatha Daniel Barros da Silva
Jônatas Ferreira Santos
José Paulo Nascimento Fernandes
Josigledson de Freitas Silva
Kauã de Souza Rodrigues da Silva
Kauã Teixeira dos Santos
Kleber Izaias dos Santos
Leonardo Fernandes da Rocha
Lucas da Silva Lima
Lucas Guedes Marques
Luiz Carlos de Jesus Andrade
Luiz Claudio da Silva Santos
Luiz Eduardo da Silva Mattos
Luciano Ramos Silva
Luan Carlos Dias Pastana
Luan Carlos Marcolino de Alcântara
Maicon Pyterson da Silva
Maicon Thomaz Vilela da Silva
Marcos Adriano Azevedo de Almeida
Marcos Antonio Silva Junior
Marcos Vinicius da Silva Lima
Marllon de Melo Felisberto
Marcio da Silva de Jesus
Maxwel Araújo Zacarias
Michael Douglas Rodrigues Fernandes
Michel Mendes Peçanha
Nelson Soares dos Reis Campos
Nailson Miranda da Silva
Rafael Correa da Costa
Rafael de Moraes Silva
Richard Souza dos Santos
Ricardo Aquino dos Santos
Rodolfo Pantoja da Silva
Ronald Oliveira Ricardo
Ronaldo Julião da Silva
Tiago Neves Reis
Vanderley Silva Borges
Victor Hugo Rangel de Oliveira
Vitor Ednilson Martins Maia
Wagner Nunes Santana
Wallace Barata Pimentel
Waldemar Ribeiro Saraiva
Wellington Brito dos Santos
Wellinson de Sena dos Santos
Wendel Francisco dos Santos
Wesley Martins e Silva
Willian Botelho de Freitas Borges
Wladimir Pereira dos Santos
Yago Ravel Rodrigues Rosário
Yan dos Santos Fernandes
Yure Carlos Mothé Sobral Palomo
Yuri dos Santos Barreto

A polícia confirmou ainda que sete dos mortos não tinham antecedentes, mas atuavam nas redes sociais promovendo ou facilitando as ações da facção, o que evidencia uma nova dinâmica de cooptação digital usada pelo crime organizado.

Entre as vítimas fatais que atuaram nas forças de segurança estão os policiais Marcus Vinícius Cardoso de Carvalho, Rodrigo Veloso Cabral, Cleiton Serafim Gonçalves e Heber Carvalho da Fonseca.

Líderes do Comando Vermelho mortos na operação

A ação resultou na morte de importantes chefes da facção em diversos estados: Chico Rato e Gringo, ambos de Manaus (AM); Mazola, de Feira de Santana (BA); DG e FB, também da Bahia; PP, do Pará; Rodinha, de Itaberaí (GO); Russo, de Vitória (ES); e Fernando Henrique dos Santos, de Goiás. Todos figuravam em investigações da Polícia Federal e eram apontados como articuladores da integração interestadual da facção.

Impactos e repercussões

A operação paralisou parte da cidade. Escolas, postos de saúde e comércios fecharam as portas. Linhas de ônibus suspenderam trajetos e moradores relataram cenas de horror, com corpos espalhados pelas ruas e trilhas da mata, numa paisagem que muitos compararam a um cenário de guerra.

A letalidade da ação superou até mesmo a operação do Jacarezinho, em 2021, até então considerada a mais sangrenta da história do Rio.

Investigações e posicionamento oficial

A Secretaria de Segurança Pública informou que as investigações continuam, com foco na captura de remanescentes da cúpula da facção. Segundo o governador Cláudio Castro, o objetivo é “restabelecer a soberania do Estado em territórios dominados pelo crime organizado”, destacando que a operação “respeitou parâmetros legais e foi tecnicamente necessária para proteger a população”.

A “Operação Contenção” não apenas revelou o poder de fogo e a capilaridade do Comando Vermelho, mas também reacendeu o debate sobre a escalada da violência urbana no Rio de Janeiro e os limites entre ação policial legítima e o risco de tragédias humanitárias. O episódio ficará registrado como um divisor de águas no enfrentamento ao crime organizado — e como um retrato brutal da falência histórica da segurança pública fluminense.


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