COP30 começou em Belém reunindo mais de 140 países para debater mudanças climáticas. Destaques dos discursos de Lula, Guterres, Macron e outros líderes, com foco em financiamento e preservação das florestas tropicais
Nesta quinta-feira (6), a cidade de Belém, no Pará, recebeu a abertura oficial da Cúpula dos Líderes que marca o início da COP30, Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima.
O evento reúne chefes de Estado e representantes de cerca de 140 países para debater o enfrentamento à crise climática, mecanismos de financiamento para ações de preservação ambiental e novas metas para a redução de emissões.
O que começou nesta quinta-feira (6) foi a Cúpula dos Líderes. São dois dias em que os chefes de Estado vão fazer um discurso em que contam como pensam as mudanças climáticas. Aí eles vão embora e deixam seus diplomatas, que vão sentar, discutir e decidir o que vai ser feito.
Discursos de líderes mundiais
O primeiro a discursar foi António Guterres, secretário-geral da ONU. Guterres declarou que o mundo fracassou em garantir o limite de aumento da temperatura global a 1,5°C e criticou duramente o uso continuado de combustíveis fósseis. Chamou os países a tomarem decisões mais ousadas em favor da transição verde e da justiça climática.
Na sequência, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, anfitrião desta COP, afirmou que “interesses egoístas e imediatos preponderam sobre o bem comum” e que é hora de “levar a sério” os alertas da ciência sobre o clima. Lula destacou o papel da Amazônia para o equilíbrio global, a necessidade de financiamento internacional para países em desenvolvimento preservarem florestas e lançou o TFFF (Fundo Florestas Tropicais para Sempre), mecanismo para remunerar nações que protegem biomas estratégicos.
A ideia é captar investimentos públicos e privados a juros reduzidos, aplicar em projetos de maior retorno, e aí o rendimento dessas aplicações – os lucros – são repartidos entre os investidores e os países que mantiverem as florestas em pé.
Lula ambém convidou à união global para garantir justiça social junto ao combate climático.
“Estou convencido de que, apesar das nossas dificuldades e contradições, precisamos de mapas do caminho para, de forma planejada e justa, reverter o desmatamento, superar a dependência dos combustíveis fósseis e mobilizar os recursos necessários para esses objetivos”, disse Lula.
Sem citar o presidente americano, Donald Trump – ausência mais sentida da COP30 -, Lula disse que o contexto geopolítico está desconectado da urgência climática:
“Forças extremistas fabricam inverdades para obter ganhos eleitorais e aprisionar as gerações futuras a um modelo ultrapassado que perpetua disparidades sociais e econômicas e degradação ambiental”.
O presidente francês Emmanuel Macron reforçou o compromisso da União Europeia com metas de descarbonização, sugeriu cooperação internacional para ampliar o acesso a energias renováveis e sinalizou apoio ao Fundo Amazônia e a ações conjuntas Brasil-França nos temas de tecnologia limpa e proteção florestal.
Emmanuel Macron afirmou que a França vai contribuir com 500 milhões de euros para o TFFF nos próximos cinco anos. Portugal anunciou 1 milhão de euros – quantia bem menor.
Cerca de 50 países manifestaram interesse em participar. O objetivo do governo brasileiro é fazer com que esses países passem da intenção para contribuição e, assim, arrecadar US$ 25 bilhões em recursos públicos.
Príncipe de Gales William e o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, destacaram o papel da tecnologia, inovação e investimentos em novos modelos sustentáveis, prometendo incentivos ao mercado para acelerar o desenvolvimento de alternativas verdes. O Reino Unido sinalizou apoio aos acordos multilaterais e à transparência nas metas ambientais.
O secretário-geral da ONU disse que chega de discussão e que agora é hora de agir. António Guterres afirmou que a dura verdade é que falhamos em garantir que o aquecimento da Terra seria mantido em menos de 1,5ºC e que isso foi uma falha moral e uma negligência mortal.
Principais resultados e compromissos
Além dos discursos, o primeiro dia formalizou acordos políticos para o lançamento de fundos internacionais em defesa das florestas tropicais e ampliação dos meios para monitorar emissões de carbono.
Houve sinalização de que a COP30 será marcada pela pressão sobre grandes emissores para fixar metas mais rigorosas para financiamento climático e transformação de seus sistemas industriais e energéticos.
O evento reservou espaço para reuniões bilaterais entre Lula, Macron e líderes do Reino Unido, com prioridade para acordos de combate ao desmatamento, incentivos à mobilidade elétrica e promoção da justiça social nos debates ambientais.
A COP30 em Belém
A COP30 segue até o dia 21 de novembro, com expectativa de que os compromissos adotados durante a Cúpula dos Líderes influenciem as negociações formais entre delegações diplomáticas, governadores, sociedade civil e setor privado. Participam cerca de 50 mil pessoas, incluindo delegados, cientistas, ativistas ambientais e jornalistas, em debates intensos sobre futuro climático do planeta.




