Obras roubadas da Biblioteca Mário de Andrade são de exposição que termina neste domingo
Dois criminosos armados roubaram, na manhã deste domingo (7), 13 gravuras de Henri Matisse e Candido Portinari que estavam em exposição na Biblioteca Mário de Andrade, no Centro de São Paulo.
Segundo a Polícia Militar, os homens renderam seguranças do prédio e fugiram a pé em direção à estação Anhangabaú do Metrô; até o fim da tarde, ninguém havia sido preso.
Como foi o roubo
De acordo com o boletim registrado pela PM, a ação ocorreu por volta das 10h15, quando a biblioteca já estava aberta ao público para o último dia da mostra “Do livro ao museu: MAM São Paulo e a Biblioteca Mário de Andrade”, organizada em parceria com o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM).
Um dos suspeitos mostrou a arma sob a camisa para uma vigilante desarmada, a obrigou a entregar rádio de comunicação e celular e a levou para uma sala interna, enquanto o comparsa retirava as obras da parede.
Não houve disparos nem feridos, mas os ladrões conseguiram deixar o prédio levando as gravuras antes da chegada do reforço policial.
Obras levadas e valor cultural
Em nota oficial, a Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa informou que foram levadas oito gravuras de Henri Matisse e cinco de Candido Portinari, estas da série “Menino de Engenho”, todas pertencentes à exposição temporária.
Entre as peças de Matisse, especialistas identificaram colagens do célebre álbum “Jazz”, publicado na França em 1947, considerado um conjunto raríssimo, com menos de 300 exemplares conhecidos no mundo.
Críticos de arte ouvidos pelo poder público avaliam o valor cultural e artístico do grupo como “incalculável”, ainda que a Secretaria não divulgue estimativa financeira por segurança.
Posição do museu e investigação policial
A Secretaria de Cultura afirmou que as obras estavam seguradas, que a Biblioteca Mário de Andrade dispõe de equipe de vigilância e sistema de câmeras e que “todo o material que possa servir à investigação está sendo fornecido às autoridades policiais”.
O prédio e o entorno passaram por perícia da Polícia Civil, que analisa imagens internas e do programa de monitoramento urbano Smart Sampa, citado pelo prefeito Ricardo Nunes como ferramenta para tentar identificar o trajeto dos suspeitos após a fuga.
A Guarda Civil Municipal também reforçou o policiamento na região central após o crime.

Entre as obras levadas pelos ladrões, as de Matisse são:
- O palhaço (Le clown);
- O circo (Le cirque);
- Senhor leal (Monsieur loyal);
- O pesadelo do elefante branco (Cauchemar de l’Eléphant Blanc);
- Os Codomas (Le Codomas);
- O nadador no aquário (La nageuse dans l’aquarium);
- O engolidor de palavras (L’avaleur de sabres);
- O cowboy (Le Cowboy).
A Polícia Militar mantém buscas em áreas próximas à biblioteca e à estação Anhangabaú, ponto indicado como rota de fuga, e trabalha com a hipótese de que os ladrões tenham agido com conhecimento prévio do espaço e da exposição, escolhendo o último dia de visitação para reduzir chances de controle posterior das peças no mercado de arte.
A investigação sobre o destino das gravuras e eventual encomenda do roubo ficará a cargo de delegacias especializadas da Polícia Civil, que ainda não divulgaram suspeitos nem possíveis receptadores.
Histórico e repercussão
A Biblioteca Mário de Andrade, que abriga cerca de 1,5 milhão de itens entre livros, manuscritos e obras de arte, já havia sido alvo de furto em 2006, quando 12 gravuras raras do século 19 foram levadas e só recuperadas pela Polícia Federal em 2024, após aparecerem em leilão em Londres.
O novo roubo acontece pouco mais de uma década depois de episódios como a subtração de telas de Portinari do Masp, em 2007, e de outras obras em museus do país.
Museólogos e curadores defendem que o caso da Mário de Andrade sirva para revisão ampla de protocolos de vigilância, controle de acesso e circulação de peças de alto valor, inclusive em exposições temporárias realizadas em parceria com outras instituições, como o MAM.
Enquanto isso, o poder público afirma confiar na combinação entre seguro, acervo catalogado e cooperação policial nacional e internacional para tentar localizar e recuperar as gravuras de Matisse e Portinari, agora incluídas na lista das obras de arte brasileiras mais procuradas.




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