Funcionários dos Correios aprovaram o indicativo de greve nacional em assembleias realizadas a partir de 2 de dezembro de 2025, com maior destaque para São Paulo, onde a deliberação foi conduzida pelo Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (SINTECT-SP). A decisão foi replicada em outras capitais, como Rio de Janeiro e Brasília, e confirmou a previsão de paralisação a partir de 16 de dezembro, caso não haja acordo com a direção da estatal e o governo federal.
Mesmo com o indicativo de greve mantido, uma nova tentativa de negociação foi agendada. O dirigente Emerson Ferreira, da Federação dos Trabalhadores dos Correios (Fentec), informou que a entidade foi convidada pelo vice-presidente do Tribunal Superior do Trabalho, ministro Guilherme Caputto, para uma nova rodada de negociações na próxima segunda-feira, dia 15. Segundo ele, a categoria participará da reunião, mas sem recuar das exigências. “Estaremos lá, porém, se a empresa não apresentar nenhuma proposta que contemple a garantia da manutenção dos direitos dos trabalhadores, que assegure a reposição da inflação e a manutenção do vale extra, o calendário de greve está mantido para deflagração na terça-feira, dia 16”, afirmou o sindicalista.
A aprovação ocorreu em assembleias sindicais presenciais, convocadas diante do agravamento das negociações trabalhistas e da situação financeira da empresa. Em São Paulo, a votação teve caráter decisivo e serviu de referência para outras bases sindicais no país. Nos dias seguintes, atos de mobilização foram realizados em diferentes estados, incluindo protestos em Brasília nos dias 9 e 10 de dezembro. Em 11 de dezembro, representantes dos trabalhadores e da empresa participaram de audiência de conciliação no Tribunal Superior do Trabalho, que terminou sem consenso, reforçando a manutenção da data definida para a deflagração da greve.
Os trabalhadores justificaram a decisão principalmente pelos cortes de benefícios, como a suspensão do chamado “vale-peru”, pagamento extra tradicionalmente incorporado ao vale-refeição no fim do ano, pela ausência de reajuste salarial e pelo risco de atraso ou não pagamento do 13º salário até o prazo legal de 19 de dezembro. Esses fatores se somam à crise financeira enfrentada pelos Correios, que acumularam prejuízo estimado em cerca de R$ 6 bilhões nos primeiros nove meses de 2025, segundo dados apresentados durante as negociações.
Outro elemento que pesou na aprovação do indicativo de greve foi o plano de reestruturação da estatal, que prevê a possibilidade de desligamento de até 15 mil empregados até 2027, além da negativa do Tesouro Nacional em conceder um empréstimo de aproximadamente R$ 20 bilhões para recomposição do caixa da empresa. Para os sindicatos, esse cenário transfere o custo da crise aos trabalhadores e compromete a prestação do serviço postal em todo o país.
A deliberação pela greve seguiu o rito tradicional do movimento sindical, com votação em assembleias e ampla divulgação das decisões por meio das redes sociais das entidades representativas. Vídeos e comunicados publicados pelos sindicatos alertaram para o risco de colapso nas entregas caso a paralisação seja efetivada. Embora tenha havido a prorrogação parcial do Acordo Coletivo de Trabalho até 2026, preservando itens como o auxílio-creche e o adicional de férias de 70%, os trabalhadores consideraram insuficientes as concessões apresentadas pela empresa, o que levou à aprovação do indicativo de greve nacional.



