Presidente dos EUA acusou Nicolás Maduro de usar o petróleo para financiar o narcotráfico; medida deve ser aplicada contra embarcações sancionadas
O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta terça-feira (16) uma nova medida contra o regime de Nicolás Maduro, determinando o bloqueio de embarcações venezuelanas envolvidas na exportação de petróleo. Segundo Trump, a ação tem como objetivo cortar o financiamento do narcotráfico e pressionar o governo de Caracas a “retomar a democracia”.
Em uma publicação nas redes sociais, o republicano afirmou que “a Venezuela está cercada” e acusou Maduro de utilizar os lucros do petróleo para sustentar atividades criminosas e operações do narcotráfico internacional. “Nenhum navio ligado a esse regime corrupto poderá navegar livremente. O petróleo da Venezuela pertence ao seu povo, não a traficantes e ditadores”, escreveu.
A medida deve atingir petroleiros e empresas ligadas à estatal venezuelana PDVSA que já se encontram sob sanções impostas desde 2019 pelo Departamento do Tesouro norte-americano. O bloqueio amplia as restrições aplicadas durante o governo Trump e faz parte de um esforço para endurecer o isolamento de Caracas no mercado internacional de energia.
Analistas apontam que a decisão tem duplo efeito: além de reforçar a política de “pressão máxima” sobre Maduro, a retórica de Trump busca consolidar o apoio de setores conservadores e do exílio venezuelano nos Estados Unidos, especialmente na Flórida — um estado crucial para as eleições presidenciais americanas de 2026.
A administração de Maduro reagiu com críticas, classificando o anúncio como um “ato de agressão” e “violação do direito internacional”. Em comunicado, o chanceler venezuelano, Yván Gil, afirmou que o país “não se intimidará com novas ameaças” e continuará “defendendo sua soberania e controlando seus recursos naturais”.
O anúncio de Trump elevou a tensão geopolítica e já provoca reação tanto no mercado internacional de petróleo quanto no debate político interno nos Estados Unidos.
A medida é vista por analistas como um novo teste à capacidade da Casa Branca de usar sanções energéticas como instrumento de pressão externa em plena campanha eleitoral.
Impacto no mercado de petróleo
Logo após a ordem de bloqueio aos petroleiros sancionados, as cotações do Brent e do WTI registraram alta superior a 1%, em meio ao temor de interrupções adicionais no fluxo de óleo venezuelano.
Especialistas alertam que a pressão sobre cerca de 500 a 600 mil barris por dia exportados principalmente para a China pode redesenhar rotas de abastecimento e aumentar o prêmio de risco geopolítico embutido nos preços globais.
Efeito na política interna dos EUA
No front doméstico, o movimento reforça a imagem de dureza de Trump contra regimes adversários e dialoga diretamente com o eleitorado conservador e comunidades de exilados latino-americanos, em especial venezuelanos e cubanos na Flórida.
Ao mesmo tempo, democratas e parte do establishment de política externa argumentam que o bloqueio naval e a designação do regime de Maduro como “organização terrorista estrangeira” podem arrastar os EUA para uma escalada militar imprevisível, ampliando divisões no Congresso em ano pré-eleitoral.
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