CPMI do INSS deve sangrar Lula, com Lulinha & Cia no foco, até julho do ano que vem

Oposição tem assinaturas suficientes para prorrogar CPMI do INSS até fim de julho

Parlamentares da oposição querem prorrogar a CPMI do INSS até julho de 2026 e conseguiram assinaturas suficientes. A lista reúne assinaturas de 175 deputados e 29 senadores que pedem a prorrogação das investigações.

O funcionamento da CPMI do INSS deve ir até o dia 26 de julho do ano que vem. Com isso, o colegiado — que já demonstrou alto potencial de desgaste para o governo Lula (PT) — funcionará até semanas antes da campanha oficial, que começa em 16 de agosto.

O pedido foi apresentado pela bancada do Partido Novo no Congresso.

“Diante do volume de evidências reunidas, da necessidade de conclusão de oitivas e análise documental pendentes, da complexidade técnica da matéria e da relevância institucional de se exaurir a investigação com profundidade, a prorrogação do prazo de funcionamento da CPMI do INSS se impõe como medida indispensável para assegurar a elaboração de um relatório final consistente”, diz um trecho do requerimento.


A CPMI do INSS vem mirando personagens que orbitam politicamente o governo Lula, sobretudo o irmão do presidente, o filho mais velho e auxiliares de primeiro escalão, ainda que muitos pedidos de convocação tenham sido barrados pela base de Lula no Congresso. Parte dessas investidas ainda está em fase de requerimento e disputa política dentro da própria comissão, sem que todos os nomes tenham sido efetivamente ouvidos.

Lulinha e o entorno direto de Lula

A oposição já conseguiu protocolar requerimentos para convocar Fábio Luís Lula da Silva (Lulinha), filho do presidente, usando como argumento depoimentos e indícios colhidos pela Polícia Federal que o ligariam a operadores do esquema de descontos fraudulentos no INSS.

Integrantes da CPMI afirmam haver indícios — ainda não comprovados judicialmente — de que Lulinha teria mantido relação financeira com Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, principal articulador das fraudes na Previdência. Segundo depoimento à PF, Lulinha teria recebido uma “mesada” de cerca de R$ 300 mil por mês e um pagamento único de cerca de R$ 25 milhões, valores que estão sendo usados pela oposição como base para pedidos de convocação.

Relatórios da própria PF também mostram que a consultoria do Careca do INSS teria transferido sucessivos repasse de R$ 300 mil a uma empresa da publicitária Roberta Luchsinger, amiga de Lulinha, totalizando pelo menos R$ 1,5 milhão em cinco pagamentos, em que conversas indicavam que os valores eram para o “filho do rapaz”, interpretado por oposicionistas como Lulinha.

Os estipulantes desses valores foram usados pela oposição para reforçar a necessidade de depoimentos do filho do presidente na CPMI, embora governistas argumentem que tais alegações sejam preliminares e não comprovadas nos autos.

Frei Chico e o sindicato ligado a aposentados

A comissão também voltou seus holofotes para José Ferreira da Silva, o Frei Chico, irmão de Lula e vice-presidente do Sindnapi (Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos), entidade que aparece em apurações sobre descontos indevidos em benefícios.

Relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) enviados à CPMI mostraram que o Sindnapi movimentou cerca de R$ 1,2 bilhão entre janeiro de 2019 e junho de 2025, incluindo R$ 6,5 milhões em dinheiro vivo em transações que chamaram atenção por sua complexidade e por falta de clareza sobre a origem dos recursos.

Além disso, a Controladoria-Geral da União (CGU) identificou indícios de que mais de R$ 800 milhões em descontos a aposentados teriam sido feitos sem autorização, envolvendo o Sindnapi, e recomendou abertura de processo de responsabilização administrativa e penal sobre os responsáveis.

A oposição busca acesso às contas e prestações de contas do Sindnapi desde 2015, com a intenção de encontrar a “digital” de Frei Chico em possíveis irregularidades, embora seu nome muitas vezes não apareça diretamente nos textos dos pedidos de convocação.

Nomes do governo sob pressão

A CPMI mira Alessandro Stefanutto, ex-presidente do INSS indicado pelo campo governista, cuja prisão em operações ligadas ao esquema deu novo fôlego à ofensiva política contra o Planalto.

Outro alvo é o advogado-geral da União, Jorge Messias, acusado por oposicionistas de omissão em relação a alertas sobre o sindicato ligado ao irmão de Lula; há requerimentos para questioná-lo na CPMI sobre a conduta da AGU no caso.

Resistência da base governista

Reportagens mostram que a base de apoio a Lula atuou para barrar convocações de vários alvos da PF, incluindo uma amiga próxima de Lulinha, uma ex-publicitária ligada ao PT e um ex-assessor de ministro, numa tentativa de limitar o alcance da CPMI sobre o núcleo político do governo.

Em diversas sessões, governistas conseguiram adiar ou derrubar pedidos de convocação de Lulinha e de Frei Chico, enquanto a oposição insiste em associar o escândalo a figuras do entorno pessoal e político de Lula.



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