PF diz que Sóstenes e Jordy usaram cota para ‘despesas inexistentes’ e assessores movimentaram R$ 27 milhões em dois anos

A Polícia Federal vê indícios de que a cota parlamentar dos deputados Sóstenes Cavalcante e Carlos Jordy (PL-RJ) foi usada para bancar “despesas inexistentes” e irrigar um esquema com funcionários comissionados, empresas de fachada e saques fracionados, que teria movimentado cerca de R$ 27 milhões em dois anos por meio de assessores e familiares ligados ao PL.

As suspeitas sustentam a Operação Galho Fraco, autorizada pelo ministro Flávio Dino, do STF, e apontam para possíveis crimes de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Como funciona o esquema apontado pela PF

  • A investigação indica que verbas da Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar (CEAP) de Sóstenes e Jordy foram usadas para custear despesas “inexistentes” ou infladas, sobretudo em contratos de locação de veículos
  • Segundo decisão de Dino, os recursos teriam sido desviados por meio de servidores comissionados dos gabinetes – especialmente Adailton Oliveira dos Santos e Itamar de Souza Santana – com uso sistemático de empresas suspeitas de fachada para simular prestação de serviços.

Funcionários comissionados e empresas de fachada

  • A PF descreve um núcleo operacional formado por assessores parlamentares e servidores comissionados, responsáveis por intermediar contratos e operar contas bancárias usadas para receber e redistribuir recursos da cota.
  • Entre as empresas apontadas nos autos estão Harue Locação de Veículos Ltda ME e Amazon Serviços e Construções Ltda, identificadas como possíveis “empresas de fachada” contratadas para locação de veículos, com fortes indícios de simulação ou superfaturamento dos serviços.

Saques fracionados e suspeita de lavagem

  • Flávio Dino ressalta que os recursos que saíam da Câmara por meio de contratos e reembolsos eram, em seguida, sacados em espécie de forma “fracionada”, com valores repetidos abaixo dos limites de comunicação automática ao Coaf, padrão típico de lavagem de dinheiro.
  • A PF aponta que esse fracionamento, aliado ao uso de contas de terceiros (assessores e familiares) e à rápida circulação entre diferentes contas, tinha potencial de “dificultar a ação fiscalizatória” e mascarar a origem pública do dinheiro.

R$ 27 milhões em dois anos e o papel dos assessores

  • Em decisão que embasou a operação, a PF afirma que assessores ligados a Sóstenes, Jordy e à liderança do PL movimentaram cerca de R$ 27 milhões de origem não identificada, com concentração entre 2023 e 2024.
  • Um dos principais alvos, Adailton Oliveira dos Santos, teria movimentado isoladamente mais de R$ 11 milhões no período, enquanto outros assessores e familiares somam milhões em transações classificadas como “pagamentos diversos” e “lançamento avisado”, sem lastro claro em serviços reais.

Operação Galho Fraco, reação dos deputados e próximos passos

  • A Operação Galho Fraco é um desdobramento da Operação Rent a Car, de 2024, que já investigava uso de contratos de locação de veículos para desvio de recursos públicos; a nova fase avançou sobre o suposto envolvimento direto da cota parlamentar dos dois deputados.
  • Mandados de busca e apreensão foram cumpridos no Rio de Janeiro e no Distrito Federal, inclusive em endereços ligados aos parlamentares, com apreensão de dinheiro vivo estimado em cerca de R$ 400 mil a R$ 430 mil e documentos sobre contratos e movimentações bancárias.
  • Tanto Sóstenes quanto Jordy negam irregularidades e sustentam que os gastos com a cota obedeceram às normas da Câmara, mas o inquérito segue em curso no STF, ainda em fase de coleta de provas, sem denúncia formal nem condenação até o momento.


Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *