EUA enviam mais aviões militares a Porto Rico em meio à crise com Venezuela

Aviões de transporte C-130J Super Hercules foram vistos taxiando e decolando do Aeroporto Rafael Hernandez, em Agudallia

Mais aviões militares dos Estados Unidos chegaram a Porto Rico no domingo (28), em meio às crescentes tensões com a Venezuela.

Aviões de transporte C-130J Super Hercules foram vistos taxiando e decolando do Aeroporto Rafael Hernandez, em Agudallia, Porto Rico.

Veículos militares americanos, como Humvees e MRAPs (Veículos Protegidos contra Minas e Emboscadas), também foram vistos na mesma região no domingo.

Além disso, drones MQ-9 Reaper também foram enviados ao país caribenho.

A tensão entre Estados Unidos e Venezuela se intensificou de forma decisiva a partir de 2017, quando Washington passou a adotar uma política de sanções econômicas mais duras contra Caracas, sob a justificativa de violações de direitos humanos, ruptura da ordem democrática e enfraquecimento das instituições venezuelanas. Esse movimento marcou uma virada na relação bilateral, até então já desgastada por divergências ideológicas e diplomáticas acumuladas desde os anos 2000.

Aviões CJ-130J Super Hercules dos Estados Unidos em Porto Rico  – Foto – Reuters

O agravamento ocorreu em 2019, após os Estados Unidos reconhecerem Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela, em oposição ao governo de Nicolás Maduro. A decisão foi acompanhada por um pacote de sanções que atingiu diretamente a estatal petrolífera PDVSA, principal fonte de receitas do país, aprofundando a crise econômica e elevando o nível de confronto político e retórico entre os dois governos.

Nos anos seguintes, a tensão passou a incluir episódios de natureza militar e estratégica, como denúncias de tentativas de desestabilização do governo venezuelano, exercícios militares dos Estados Unidos no Caribe e acusações de Caracas sobre violações de seu espaço aéreo e apoio externo a ações armadas. Ao mesmo tempo, a aproximação da Venezuela com países considerados adversários de Washington, como Rússia, China e Irã, passou a ser tratada pelos EUA como um fator adicional de risco geopolítico na região.

Embora tenha havido momentos pontuais de diálogo e flexibilização limitada de sanções, especialmente a partir de 2022, a relação permaneceu marcada por desconfiança estrutural.

As iniciativas se intensificaram a partir do primeiro trimestre de 2025, já no início do atual governo de Donald Trump, quando os Estados Unidos passaram a retomar abertamente a estratégia de pressão máxima sobre a Venezuela. Diferentemente do período imediatamente anterior, as ações deixaram de ser episódicas ou justificadas apenas como cooperação técnica antidrogas e passaram a integrar um discurso oficial de segurança nacional e contenção geopolítica no Caribe.

Entre janeiro e abril de 2025, houve aumento visível da presença naval e aérea norte-americana, maior frequência de interdições marítimas, retomada de apreensões de cargas ilícitas atribuídas a rotas venezuelanas e reativação de mecanismos de bloqueio e retenção de navios ligados ao petróleo do país. Paralelamente, a retórica do governo Trump voltou a associar diretamente o Estado venezuelano ao narcotráfico e a organizações criminosas transnacionais, reproduzindo e aprofundando a linha adotada entre 2019 e 2020.

Assim, embora essas iniciativas tenham antecedentes claros no primeiro mandato de Trump, o salto de intensidade no cenário atual ocorreu no início de 2025, quando elas passaram a ser novamente coordenadas, contínuas e assumidas politicamente como instrumento central de pressão econômica, marítima e estratégica contra Caracas.


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