Bancada do partido Novo na Câmara dos Deputados protocolou requerimento para que secretário de Comunicação de Lula explique notas publicadas por órgão oficial com críticas à imprensa
A Bancada do partido Novo na Câmara dos Deputados protocolou nesta quarta (20), um Requerimento de Informação (RIC 597/2024) encaminhado ao secretário de Comunicação do governo federal, Paulo Pimenta, sobre nota pública publicada no último dia 14 pela pasta com críticas ao conteúdo de uma entrevista realizada pelo jornal Estadão com o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima.
A Secom não gostou do que disse o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, que foi um dos protagonistas da força-tarefa da Operação Lava Jato, na entrevista intitulada “‘Lula tinha que estar na cadeia’, afirma decano da Lava Jato”.
A Secom disse que “o jornal Estado de S. Paulo deveria fazer jornalismo e apresentar aos seus leitores, e dentro do contexto de uma entrevista, perguntas válidas ao ex-procurador”, antes de enumerar uma lista de narrativas falsas usada para justificar a destruição da Lava Jato.
Muito além de repetir mentiras, como mencionar a existência de “várias evidências de que a denúncia não se sustentava nem para os próprios procuradores” e falar na “ocorrência de depoimentos forjados, delações encomendadas, vazamentos ilegais, grampos ilegais e diversas outras irregularidades pelas quais seus autores nunca responderam”, o governo quis de certa forma, direcionar o trabalho dos jornalistas para o que lhe convém.
O partido Novo acredita que nesse tipo de nota, pode haver uma tentativa de atentar contra a liberdade de imprensa e de expressão.
“A necessidade de esclarecimentos por parte do Secretário de Comunicação Social transcende o interesse particular desta entrevista, tocando em preocupações mais amplas relacionadas ao exercício da liberdade de expressão e à autonomia da imprensa frente a poderes estatais”, argumentaram os parlamentares, representados pela líder, Adriana Ventura, no RIC.
Os deputados do Novo destacaram que o caso traz luz à “importância do papel essencial que a imprensa desempenha em uma sociedade democrática”. E afirmaram que o próprio requerimento serve como um instrumento de esforço para “assegurar que os princípios de liberdade de imprensa e transparência governamental continuem sendo respeitados e defendidos”.
Por fim, a líder Adriana Ventura alertou que “questionar a validade das perguntas feitas por jornalistas e o conteúdo de suas reportagens pode, inadvertidamente, contribuir para um ambiente em que a autocensura ou a hesitação em abordar temas sensíveis tornam-se preocupações reais para os profissionais de mídia”.
Essa não foi a única vez que a Secom do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) atacou jornalistas. A comunicação do governo Lula costuma questionar, de forma agressiva, o teor de reportagens que incomodem o presidente.