PF usou domingo para despitar investigados sobre dia da prisão
O deputado federal pelo União Brasil Chiquinho Brazão e o irmão dele, Domingos Brazão que é conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio deJaneiro (TCE-R foram presos neste domingo (24).
Eles são apontados como mandantes do assassinato de Marielle Franco, em março de 2018.
Chiquinho foi vereador carioca pelo MDB por 12 anos, inclusive durante os dois primeiros anos de mandato de Marielle, entre 2016 e março de 2018, quando foi assassinada.
A Operação Murder, Inc. foi deflagrada hoje, em decorrência das investigações da PF desde fevereiro do ano passado.
O delegado Rivaldo Barbosa também foi preso, acusado de atrapalhar as investigações.
Os três foram alvos de mandados de prisão preventiva expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Os presos são ouvidos na sede da PF no Rio e serão encaminhados para a Penitenciária Federal de Brasília, Papuda.
Chiquinho tem foro especial por ser deputado federal; Rivaldo era chefe da Polícia Civil à época do atentado e hoje é coordenador de Comunicações e Operações Policiais da instituição.
Domingos foi citado no processo desde o primeiro ano das investigações, em 2018, e chegou a depor no caso 3 meses após o atentado.
Além das três prisões neste domingo, foram expedidos 12 mandados de busca e apreensão na sede da Polícia Civil do Rio e no Tribunal de Contas do Estado.
Entre os alvos estão o delegado Giniton Lages, titular da Delegacia de Homicídios à época do atentado e o primeiro a investigá-lo, e Marcos Antônio de Barros Pinto, um de seus principais subordinados.
O ministro Alexandre de Moraes determinou o afastamento dos dois das atuais funções e o uso de tornozeleira.
Erica de Andrade Almeida Araújo, mulher de Rivaldo, teve busca e apreensão decretada, bens bloqueados e a suspensão da atividade comercial de sua empresa, que, segundo a PF, lavava dinheiro para o marido.
Os investigadores acreditam que o motivo tem a ver com a expansão territorial da milícia no Rio, que era criticada por Marielle. Já Rivaldo é acusado de ter combinado com os criminosos não investigar o caso.
A inteligência da polícia indicou que eles já estavam em alerta nos últimos dias, após o Supremo Tribunal Federal (STF) homologar a delação premiada do ex-policial militar Ronnie Lessa, por isso, os investigadores decidiram fazer a operação no início deste domingo para surpreende-los.
O deputado federal Chiquinho Brazão terá sua detenção apreciada pelo plenário da Câmara dos Deputados, que poderá mantê-lo preso ou soltá-lo. A data da sessão ainda não foi anunciada.
De acordo com a Constituição Federal, deputados e senadores são invioláveis, civil e penalmente, por opiniões, palavras e votos e não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nestas situações, os autos são remetidos à Câmara ou ao Senado para que a maioria absoluta da Casa (no caso da Câmara, o voto de 257 deputados) decida, em voto aberto, sobre a prisão.
Ao aceitar o acordo de colaboração com a PF, Lessa apontou quem eram os mandantes e também indicou a motivação do crime.
O ex-PM deu detalhes de encontros com eles e indícios sobre as motivações. Os irmãos Brazão, segundo o ex-PM, comandam um grupo poderoso no Rio com vários interesses em diversos setores do Estado.
Lessa está preso desde 2019, e confessou ser um dos executores do crime.