Delgatti conseguiu tirar Lula da cadeia, mas por invadir site e inserir documentos falsos, como um falso mandado de prisão para Alexandre de Moraes pode continuar na cadeia
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, denunciou a deputada federal Carla Zambeli (PL-SP) e o hacker Walter Delgatti Neto no âmbito da investigação da invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça.
Zambelli foi denunciada como mandante do crime contra o CNJ.
A denúncia é pela prática de 10 crimes:
7 crimes do artigo 154-A e par. 2 do CP (invasão de dispositivo informático);
3 crimes do artigo 299 do CP (falsidade ideológica), por terem inserido documentos ideologicamente falsos no sistema informático.
A invasão do site do CNJ, segundo investigação da Polícia Federal, aconteceu em novembro de 2022. Em 4 de janeiro de 2023, Delgatti inseriu documentos falsos no sistema do órgão, como um mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), assinado pelo próprio magistrado.
O hacker disse à PF que Zambelli redigiu o falso mandado, o que ela nega. Delgatti também colocou no sistema uma falsa quebra de sigilo das contas bancárias do ministro.
Delgatti ficou famoso ao vender para um grupo da esquerda, mensagens supostamente atribuídas a integrantes da Operação Lava Jato para livrar o atual presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) da cadeia.
Delgatti está preso desde agosto por causa da investigação do hackeamento do CNJ. Em depoimento à PF, ele confessou o crime e relatou a participação da deputada federal.
Indiciamento pela Polícia Federal
No final de fevereiro deste ano, a PF concluiu o inquérito sobre a invasão e indiciou o hacker e a deputada por suspeita de terem cometido diversas vezes os crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica.
O relatório da PF foi analisado pela Procuradoria-Geral da República. Embora a PF não tenha encontrado trocas de mensagens entre Zambelli e Delgatti — ele relatou aos investigadores que apagava as conversas por precaução —, foram achados nos equipamentos pessoais de Zambelli, apreendidos quatro documentos falsos inseridos criminosamente pelo hacker no sistema do CNJ.
A minuta da falsa ordem de prisão contra Moraes foi publicada na imprensa na noite de 4 de janeiro, três horas após Zambelli recebê-la do hacker. A divulgação na imprensa alertou o CNJ sobre o hackeamento e motivou a investigação da PF.
Para a polícia, foi Zambelli que, após instigar o hacker a cometer a invasão do CNJ, divulgou o documento a jornalistas com o objetivo de difundir suspeitas sobre a credibilidade do Judiciário.
Na ocasião, apoiadores de Jair Bolsonaro usaram o episódio para questionar nas redes sociais a lisura do processo eleitoral conduzido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que é presidido por Moraes.
Já no caso da venda das mensagens da Lava Jato, o STF acabou usando o material produzido pelo hacker como argumento, o que acabou na soltura de Lula e posteriormente na anulação das condenações e mais oito inquéritos sobre corrupção envolvendo o presidente.
A operação Spoofing foi usada pelo STF para validar material fornecido pelo falsificador e estelionatário, conhecido como hacker, Walter Delgatti ao PT, via Manuela Dávila que intermediou o repasse de supostas mensagens do então juiz da Lava Jato, agora senador Sergio Moro (Podemos-PR), e membros do Ministério Público de Curitiba, incluindo Deltan Dallagnol.
O STF usou essas mensagens do falsificador para beneficiar Lula e anular provas robustas da operação Lava Jato.