Caixa-preta gravou gritos e pergunta do copiloto sobre ‘dar potência’ à aeronave durante queda do avião da Voepass em Vinhedo

Informações da transcrição foram vazadas pelo governo antes de conclusão de relatório inicial que deve sair em 30 dias

Um vazamento de informações nesta quarta-feira (14) revelou o conteúdo das caixas pretas do avião autorizado pela Anac a voar que caiu em Vinhedo matando 62 pessoas.

O gravador de voz da cabine do avião ATR-72 que caiu em Vinhedo (SP) na última sexta-feira (9) registrou conversas do copiloto sobre “dar potência” à aeronave minutos antes da queda, além de gritos na aeronave.

O acidente provocou a morte de todos que estavam na aeronave operada pela Voepass, antiga Passaredo, incluindo os quatro tripulantes.

As cerca de duas horas de transcrição foram feitas pelo laboratório de leitura e análise de dados do Centro de Investigação e Prevenção e Acidentes (Cenipa), vinculado à Força Aérea, que vzou os áudios aterrorizantes e fúnebres.

Segundo os investigadores adiantaram informalmente, a análise preliminar dos dados indica que o ATR 72-500 perdeu altitude de forma repetina. E que a análise do áudio da cabine, sozinha, não é capaz de cravar uma causa aparente para a queda.

O que foi falado na cabine?

A transcrição do áudio da caixa-preta mostra que, ao perceber que o avião estava perdendo sustentação, o copiloto Humberto de Campos Alencar e Silva perguntou o que estava acontecendo.

Disse que era preciso “dar potência” – uma tentativa de estabilizar a aeronave e impedir a queda. O que, infelizmente, não foi possível.

Cerca de um minuto se passou entre a constatação da perda de altitude e o choque do avião contra o solo. Neste tempo, segundo os investigadores, o áudio registra que a tripulação tentou reagir.

A gravação é finalizada com gritos de terror e com o estrondo do choque da aeronave contra o chão.

Segundo os investigadores, o modelo ATR 72-500 tem as hélices da parte de cima da fuselagem, muito próximas da cabine de comando, o que provocou muito barulho e aumentou a dificuldade para decifrar os diálogos gravados.

A análise preliminar do Cenipa não identificou sons característicos de alertas que poderiam “guiar” a investigação sobre as causas: o alarme de presença de fogo, de falha elétrica ou de pane nos motores, por exemplo.

Os dados da caixa-preta, nessa primeira avaliação, ainda não permitem confirmar ou descartar a principal hipótese levantada pelos especialistas nos últimos dias: a de que o avião teria caído em razão da formação de gelo nas asas, seguida de uma perda de estabilidade (“estol”, no jargão).

A confirmação da causa do acidente vai depender da análise de mais registros dos gravadores das caixas-pretas e da combinação de todas essas informações, segundo informações dadas extraoficialmentepelos incestigadores.

Um comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *