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Mega bactéria descoberta é visível a olho nu

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A bactéria é 4,5 mil vezes maior do que outros micróbios e vive em mangues.

BBC Londres

Cientistas acabam de anunciar detalhes da maior bactéria já encontrada na natureza. Ela é tão grande que pode ser vista a olho nu, sem a necessidade de um microscópio.

Batizada pelo nome de Thiomargarita magnifica, ela se assemelha a fiapos brancos e habita os mangues de Guadalupe, um arquipélago localizado no sul do Caribe.

Para se ter ideia do tamanho, essa bactéria tem mais de 9 mil micrômetros de comprimento (um micrômetro é a unidade de medida que equivale à milésima parte de um milímetro), ou supera 0,9 centímetro.

As maiores bactérias conhecidas chegam, no máximo, a 750 micrômetros. Na média, esses seres têm cerca de 2 micrômetros.

Isso significa, portanto, que a T. magnifica tem um tamanho doze vezes superior em comparação com as maiores bactérias e chega a ser 4,5 mil vezes mais comprida do que um micróbio “típico”.

Seria possível, portanto, enfileirar 625 mil unidades de Escherichia coli, um dos micro-organismos causadores de infecções intestinais, na superfície de uma única T. magnifica.

Thiomargarita magnifica em comparação com uma moeda de 10 centavos de dólar — Foto: BBC/LAWRENCE BERKELEY NATIONAL LABORATORY

Esses achados “desafiam o conhecimento tradicional sobre as células bacterianas”, escrevem os autores.

A descoberta, que contou com a participação de pesquisadores de diversas instituições, como o Laboratório Nacional Lawrence Berkeley, nos Estados Unidos, e a Universidade das Antilhas, em Guadalupe, foi publicada na mais recente edição do periódico especializado Science.

As bactérias fazem parte da natureza e nem todas fazem mal à nossa saúde. A T. magnifica não parece representar nenhuma ameaça aos seres humanos e parece estar em equilíbrio no ambiente em que ela é encontrada.

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Os cientistas usaram várias técnicas e equipamentos para desvendar a estrutura e o metabolismo da nova espécie. Pelo que foi observado, ela integra um grupo conhecido como bactérias sulfurosas.

Esses seres utilizam o enxofre, um elemento químico presente em abundância naquelas águas, para viver e se multiplicar.

T. magnifica chega até a 2 centímetros de comprimento — Foto: LAWRENCE BERKELEY NATIONAL LABORATORY/BBC

As bactérias são seres unicelulares, compostos de uma única célula, que possuem o material genético disperso em seu interior. Em organismos mais complexos, o DNA fica guardado dentro do núcleo da célula.

Já a T. magnifica parece ficar “no meio do caminho” entre esses dois cenários. Os mais de 11 mil genes dela, número três vezes superior ao código genético de outras bactérias, são encapsulados dentro de estruturas membranosas.

De acordo com os cientistas responsáveis pelo achado, essa configuração diferente representa uma “inovação característica de células mais complexas”.

“É possível que essa organização espacial única indique um ganho de complexidade que pode ter permitido à T. magnifica superar limitações de tamanho e de volume tipicamente associadas às bactérias”, analisam os autores, em comunicado divulgado à imprensa.

No entanto, não se sabe ainda porque essa nova espécie ficou tão grande em relação a suas primas-irmãs.

“Por que esses organismos precisam ser tão compridos é outra [questão] intrigante e desafiadora”, considera a microbiologista Petra Anne Levin, da Universidade Washington em St. Louis, nos Estados Unidos. A especialista assina uma breve análise sobre a descoberta, também publicada na Science.

“Outra pergunta mais filosófica é se a T. magnifica representa o limite máximo do tamanho de uma bactéria”, continua.

“Isso parece improvável e, como o próprio estudo ilustra, as bactérias são infinitamente adaptáveis e surpreendentes — e nunca devem ser subestimadas”, conclui a pesquisadora.

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