Multa foi R$ 615 mil. JBS alega que propriedades estavam em conformidade com legislação atual
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) multou a JBS em R$ 615,5 mil, na cidade de Tucumã (PA), por comprar gado de propriedades rurais embargadas por desmatamento ilegal na Amazônia. A maior empresa de proteína animal do Brasil pertence à holding J&F dos irmãos Joesley e Wesley Batista.
Procurada pela coluna, a companhia alega que as propriedades estavam em conformidade com a legislação atual.
No total, a JBS comprou 1.231 animais de áreas desmatadas ilegalmente na Amazônia. O número foi confirmado à coluna por uma fonte com conhecimento da operação. Isso equivale a cerca de 41 carretas de bois.Play Video
Além da empresa dos irmãos Batista, o Ibama também multou outros 22 frigoríficos na região Norte do Brasil, no âmbito da Operação Carne Fria 2. A ação ocorreu ao longo do mês de outubro e teve como objetivo coibir o desmatamento na Amazônia a partir da fiscalização da cadeia produtiva da carne de boi.
Na prática, o Ibama mirou quem produz ou comercializa gado procedente de áreas desmatadas ilegalmente. No total, foram aplicados R$ 364,5 milhões em multas a fazendeiros e frigoríficos.
O Ibama identificou 69 propriedades rurais que criavam e comercializavam cerca de 18 mil cabeças de gado, em 26 mil hectares de áreas embargadas por desmatamento ilegal. Já foram aplicadas mais de 150 autos de infração aos responsáveis.
A Operação Carne Fria 2 ocorreu em 12 municípios do Pará (Novo Progresso, Santarém, Altamira, São Félix do Xingu, Igarapé-Açú, Portel, Anapú, Pacajá, Novo Repartimento, Ipixuna, Tomé-açú e Bom Jesus do Tocantins) e duas do Amazonas (Boca do Acre e Lábrea).
Em nota, o Ibama explicou que “os frigoríficos foram autuados por adquirir produto de área embargada” e os donos das fazendas também foram autuados por “descumprimento de embargo, impedimento da regeneração natural e venda de produto de área embargada. Todos foram notificados para fazer a retirada do rebanho bovino das áreas interditadas”.
A JBS diz que nenhuma das compras da empresa indicadas pelo Ibama foi realizada em áreas embargadas pelo órgão ambiental.
“Em resposta enviada ao Ibama na quarta-feira, dia 23, a companhia apresentou as Guias de Trânsito Animal (GTA) relativas às aquisições do fornecedor citado, demonstrando que as propriedades estavam em plena conformidade com a legislação vigente e com a política de compras de matéria-prima da empresa”.
O diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Jair Schmitt, afirmou que o setor de inteligência do Ibama passou várias semanas cruzando informações para identificar “a transação do gado ilegal”.
“Nós estamos responsabilizando, além de quem desmatou essa área e quem descumpriu o embarco, também estamos responsabilizando as empresas que adquiriram esse produto produzido ilegalmente”, disse Schmitt.
A estratégia de fiscalização do Ibama tenta atingir economicamente os infratores ligados a cadeia produtiva ilegal da carne no Brasil.
“Acaba desencorajando as pessoas a comprarem gado ilegal que vem do desmatamento ilegal. Então, isso é uma forma de desestimular o desmatamento ilegal”, frisou Schmitt.