Vinte e um PMs foram presos durante Operação Segreto da Corregedoria da Polícia Militar e do MPRJ
Policiais que então serviam no 20º BPM (Mesquita) no Rio de Janeiro faziam um “tour da propina” em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense — e além de dinheiro, recolhiam cerveja e até frutas.
Diálogos gravados pela câmera corporal de um dos sargentos investigados por extorsão na Operação Segreto, da Corregedoria da Polícia Militar e do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), mostram PMs revelando suas estratégias para não serem pegos cometendo crimes.
A denúncia afirma ter identificado o recolhimento de valores de extorsão em 54 estabelecimentos.
A ação dos órgãos de investigação prendeu 21 PMs nesta quinta-feira (7).
Os investigadores incluíram na denúncia contra os PMs vários diálogos gravados pelas câmeras corporais utilizadas por eles.
Os diálogos entre os suspeitos foram gravados e incluídos na denúncia. Nas gravações é possível ouvir como eles fraudavam as câmeras e ironizavam os fiscais da corporação.
“Se eu vou fazer m, eu não vou usar a câmera. Eu vou filmar o meu próprio crime? Que p é essa! Idiotice, cara. Não tem coerência”.
Segundo o MPRJ. “Diante dos primeiros indícios, a Delegacia de Polícia Judiciária Militar passou a realizar o monitoramento de agentes e conseguiu verificar não só que várias guarnições do referido batalhão [20º BPM] praticavam o crime, recolhendo valores do estabelecimento, mas, de fato, repetiam a mesma conduta em vários outros comércios de naturezas diversas”.
O procedimento criminoso era executado da mesma forma, sempre às sextas-feiras: os policiais denunciados paravam brevemente a viatura nos estabelecimentos, alguém se aproximava e entregava as quantias; ou um dos policiais desembarcava e entrava no comércio, permanecendo poucos minutos antes de retornar à viatura e sair.
Além de dinheiro em espécie, a investigação flagrou os policiais recolhendo engradados de cerveja em depósitos e frutas em um hortifrúti, segundo as investigações.