Já a bolsa Ibovespa apresenta forte queda e acumula recuo de 4,85% no ano, um desastre
O dólar fechou em alta de 1,30%, e renovou o maior valor nominal da história: R$ 5,98. Ao longo do dia, a moeda americana bateu os R$ 6 pela primeira vez na história.
A disparada foi uma reação dos investidores ao pacote de corte de gastos do governo federal e a isenção do Imposto de Renda para contribuinte.
Em nota do diretor de pesquisa para a América Latina, Alberto Ramos, o banco americano Goldman Sachs disse que o pacote fiscal anunciado pelo governo “é decepcionante, muito difuso, de rendimento incerto e excessivamente carregado”.
Para ele, a isenção do IR para rendimentos até R$ 5 mil, juntamente com uma carga tributária maior para aqueles que ganham alta renda, “consolida a visão de que o governo continua a adotar uma estratégia de impostos e gastos em vez de se concentrar diretamente em apertar a postura fiscal, dada a deterioração da dinâmica da dívida e o aumento dos prêmios de risco fiscal”.
Já o Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, a B3, teve mais uma forte queda. Por volta das 17h, o índice recuava 1,84%, aos 125.317 pontos, na mínima do dia. O índice acumula um recuo de 4,85% no ano.
As tão aguardadas medidas para controlar o gasto público e que deverão garantir o arcabouço fiscal nos próximos anos, não terão efeito imediato. As mudanças dependem do aval do Congresso e uma parte do pacote exige mudanças na Constituição Federal, o que pode levar um tempo ainda maior.
Essa tramitação é, na avaliação de Igor Rocha, economista-chefe da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), é o que vai determinar o sucesso do corte de gastos. Segundo ele, o mercado já estava alinhado com a maioria das medidas anunciadas, e, do ponto de vista moral, as pensões e o combate ao supersalários estão alinhados com o que a sociedade espera e será difícil achar quem seja contra. No entanto, avalia, os detalhes ainda não são conhecidos e este é o maior risco no momento.
“O combate aos gastos tributários, aos subsídios, a gente ainda não sabe como vai ser feito, temos que esperar o texto final e saber como o Congresso vai avaliar. Se passar bem no Congresso, vai ser bom para a economia e ascontas vão fechar. A dificuldade é que o diabo mora nos detalhes. Com que base o texto virá e como será encaminhado no Congresso?” questiona.