Polícia Federal apura responsabilidade por inércia sobre situação precária da ponte
A inércia do governo federal que culminou na tragédia da queda da ponte entre Tocantins e Maranhão está sendo apurada pela polícia federal.
A Polícia Federal (PF) iniciou investigações nesta semana para apurar as responsabilidades que culminaram na queda da ponte que já vitimou quatro pessoas.
As diligências preliminares serão conduzidas pelas superintendências regionais da Polícia Federal no Maranhão e no Tocantins. Além disso, um procedimento de investigação precedente foi instaurado, e policiais federais já foram deslocados para coletar dados e evidências sobre o caso.
Reclamações de motoristas, vídeos de moradores e documentos internos do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) de cinco anos atrás indicavam a necessidade de cuidados urgentes para evitar a tragédia do domingo (22), que já contabiliza 4 mortos e 13 desaparecidos.
A queda da ponte Juscelino Kubitscheck de Oliveira, inaugurada em 1960 foi uma tragédia anunciada. A estrutura liga os estados do Maranhão e Tocantins em um importante corredor de produtos para os portos do Maranhão e do Pará.
A causa oficial do desabamento de parte da ponte ainda será investigada, mas, conforme mostram registros feitos pela população da região e pelo Dnit, é possível ver claramente que a estrutura tinha fissuras, danificações e irregularidades há anos.
No exato momento da tragédia, o vereador de Aguiarnópolis (TO) Elias Junior (Republicanos) estava no local fazendo vídeos de denúncias sobre a situação precária da ponte. Andando pelo acostamento, ele mostrava rachaduras no asfalto. De repente, ele e outras pessoas que estavam no local escutaram estalos e viram a estrutura ceder.
Só após ponte cair, o governo federal se moveu e anunciou a reconstrução da ponte. O ministro dos Transportes, Renan Filho, anunciou na segunda-feira (23/12) que o governo federal vai destinar entre R$ 100 milhões e R$ 150 milhões para a reconstrução da ponte.
Denúncias sobre rachaduras na ponte já eram feitas por quem passava pelo local há bastante tempo. Em um documento de janeiro de 2020, o Dnit apontou “vibrações excessivas”.
A análise do Dnit identificou também danificações no balanço lateral da ponte e irregularidades na geometria das lâminas (os pilares achatados que sustentavam a estrutura estavam tortos, o que era possível ver a olho nu). Além disso, expôs que as armaduras (ferragens) se encontravam expostas e corroídas. Havia fissuras em todos os pilares.
Em maio deste ano, os documentos que mostravam a situação da ponte foram anexados a um edital de R$ 13 milhões do Dnit para a contratação de empresa a fim de fornecer estudos preliminares e executar as obras de reabilitação da ponte. A licitação, no entanto, foi fracassada, sem que nenhuma empresa tenha vencido.
O edital fez parte do Programa de Manutenção e Reabilitação de Estruturas (Proarte), do Dnit. No termo de referência, o Dnit apontava que a reabilitação da ponte se fazia necessária para que “sua integridade e segurança passem a ser compatíveis com as normas atuais”.
Após a tragédia, o Dnit informou em nota que técnicos da autarquia estão no local para acompanhar a situação e apontar possíveis causas do desabamento. Além disso, o órgão declarou que existe um contrato de manutenção da BR-226/TO ainda em vigência, até julho de 2026, que prevê a execução de serviços com o objetivo de melhorar a trafegabilidade e dar mais segurança aos usuários da rodovia.
No momento da queda da ponte, várias pessoas filmaram, mas um em especial pegou a ponte inteira na hora da queda. Assista: