O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), disse querer distância do presidente Lula (PT) e defendeu a união de partidos de centro-direita para 2026 e a candidatura do também governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) ao Palácio do Planalto.
No DF, Ibaneis tem reiterado seu apoio à candidatura de sua vice, Celina Leão para o substituir. O governador já articula também sua candidatura ao Senado Federal, com vitória dada como certa por observadoresda política local.
Com ótimo desempenho diante do eleitorado de Brasília por sua atuação à frente do governo, Ibaneis subiu o tom contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), apesar de o seu partido compor a base do governo.
Interlocutores afirmam que se o MDB não se afastar de Lula, sua candidatura ao Senado poderá ser até por outra legenda.
Ele defendeu que o MDB dialogue com candidaturas de centro-direita.
“Não conversei com o Baleia [Rossi, presidente do MDB] sobre esse assunto ainda, mas, se surgir um nome de centro, acredito que o partido caminha com esse nome.
O MDB vai continuar sendo o MDB. Vai liberar as alianças locais e aguardar a discussão da política nacional para ver se as legendas conseguem encontrar um nome de consenso. Eu mesmo quero distância do Lula”, disse em entrevista à revista Veja.
Ibaneis afirmou à revista, que “no cenário ideal, o candidato deveria ser o Tarcísio de Freitas, tanto pela capacidade de diálogo e de interlocução, quanto por trazer o voto do bolsonarismo, que vai continuar sendo vital durante algum tempo”.
O governador também foi questionado sobre a declaração recente de que é “maltratado” pelo governo federal. “Depois de alguns episódios recentes, não entro mais no Palácio do Planalto. Não preciso ficar baixando a cabeça para eles”, respondeu.
“Quando ele [Lula] disse que eu era cúmplice do Bolsonaro no 8 de Janeiro, demonstrou que não quer ter nenhum tipo de relacionamento comigo. Foi uma fala infeliz”, destacou o governador.
Ibaneis afirma que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) terá que sentar na mesa com outros partidos para definir um sucessor, pois dificilmente vai conseguir reverter sua inelegibilidade na Justiça para o próximo pleito.
“Vai chegar um momento em que o Bolsonaro terá de sentar na mesa com os partidos políticos, porque ele não vai querer perder o espólio sem deixar o sucessor. Dificilmente o Supremo vai reverter a inelegibilidade”, pontuou.
Sobre o Supremo Tribunal Federal (STF) Ibaneis disse à Veja, que algumas decisões da Corte “têm colocado mais lenha na fogueira do que ajudado a pacificar”. Ibaneis afirmou que as penas para os envolvidos no 8 de janeiro são extremadas. “Na minha avaliação, as pessoas que estavam lá estavam insufladas pela turma da extrema direita e não tinham intenção de dar um golpe de Estado”, disse o governador que já foi presidente da Ordem dos Advogados do DF.
Apesar das críticas ao STF, o emedebista foi cauteloso quanto ao ministro Alexandre de Moraes que o afastou do cargo, após o 8 de janeiro.
“De certo modo, o ministro Alexandre tem feito um trabalho até de preservação da democracia, porque tem muita coisa que espanta, como o plano de assassinato do presidente Lula.
As decisões, muito bem fundamentadas, têm sido mantidas pela Turma ou pelo Plenário do tribunal. Quando fui afastado do cargo, entendi que o ministro tinha que dar um recado a todos os governadores para não embarcarem nessa. Ele não sabia quem estava de um lado ou de outro. Respeito a decisão dele”, ponderou.