Moraes manda recolher Livro e autor de “Diário de Cadeia Eduardo Cunha Pseudônimo” diz que é censura

Ministro reverteu decisão da Justiça do Rio e proíbiu circulação do livro, uma ficção assinada por um pseudônimo; escritor fala em censura à liberdade de criação artística

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes ordenouu decisão publicada nesta quinta-feira (16) que a editora Record retire de circulação o livro “Diário da cadeia”, de 2017.

O livro foi escrito por Ricardo Lísias sob o “pseudônimo” de Eduardo Cunha. “Por enquanto estou atônito e perplexo: o ministro está censurando um trabalho artístico. Não acontecia no STF há muito tempo. Não vou aceitar”, escreveu o autor em suas redes sociais.

A ação foi movida pelo ex-deputado federal Eduardo Cunha (sem partido-RJ), que chegou a presidir a Câmara entre 2015 e 2016. Ele foi preso em outubro de 2016 por decisão do então juiz federal Sergio Moro, no âmbito da Operação Lava Jato.

Livro deverá ser recolhido por ordem de Alexandre de Moraes

Alexandre de Moraes ordenou que :

  • a obra não pode usar a assinatura “Eduardo Cunha – pseudônimo”, e que autor e editora ficam impedidos de vincular o nome do ex-deputado ao livro (inclusive em propagandas);
  • os livros já distribuídos com essa assinatura devem ser recolhidos dos pontos de venda até que o nome de Cunha seja retirado, assim como o anúncio da obra no site da editora – o prazo para a ação é de 60 dias, sob pena de multa de R$ 50 mil diários;
  • seja dado a Eduardo Cunha direito de resposta no site da editora, em “espaço de ampla visibilidade”, para esclarecer a verdadeira autoria do livro; autor e editora, juntos, tenham de indenizar Eduardo Cunha em R$ 30 mil por danos morais.

“Extrai-se do contorno realizado pela origem que a produção do referido livro induz o público ao erro, uma vez que sua redação e apresentação criam a impressão de que Eduardo Cunha é o verdadeiro autor da obra. Observa-se que há uma exposição ao nome do autor que ultrapassa o mero direito à liberdade de expressão”, disse Moraes na ordem para recolher o livro.

O autor, Lísias também informou que “o ministro confundiu liberdade de expressão com liberdade de criação artística. A liberdade de criação não tem nenhum tipo de amarra. No interior de uma obra, o artista pode fazer o que bem quiser. O jeito como o livro foi assinado faz parte do trabalho artístico”. Ele disse que pretende recorrer.

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