Bolsonaro chama inquérito de ‘narrativa’ e diz ter ‘consciência tranquila’

Ex-presidente foi denunciado pela PGR ao STF por cinco supostos crimes, incluindo liderança de organização criminosa armada

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) classificou nesta quinta-feira (20), a denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra ele e outras 33 pessoas por tentativa de golpe de Estado como “narrativa”.

Em sua primeira declaração presencial pública após a manifestação da PGR, Bolsonaro também afirmou que está com a “consciência tranquila”.

“Não tenho obsessão pelo poder. Tenho paixão pelo Brasil. Ao contrário de alguns poucos aqui, em Brasília, que no momento mandam muito, eu estou com a consciência tranquila. Nada mais tem contra nós do que narrativas. Todas foram por água abaixo. Investiram pesadamente agora nessa última: golpe”, disse.

As declarações foram feitas em um evento de comunicação voltado para filiados do PL, dois dias após a PGR ter apresentado ao Supremo Tribunal Federal (STF).

A PGR aponta Bolsonaro como líder de uma organização criminosa que teria praticado atos contra a democracia e que tinha um “projeto autoritário de poder”.

No documento, a procuradoria pede que o ex-presidente seja condenado por cinco crimes:

  1. liderança de organização criminosa armada;
  2. ⁠tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
  3. ⁠golpe de Estado;
  4. ⁠dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da união;
  5. ⁠deterioração de patrimônio tombado.

Jair Bolsonaro disse que todo o processo se resume a um “golpe da Disney”.

“Eu estava lá [nos Estados Unidos] com o Pato Donald e o Mickey e tentei dar o golpe de 8 de janeiro aqui?”, questionou.

Caberá ao Supremo avaliar e decidir se acolhe ou rejeita a denúncia. Se for aceita, Bolsonaro se tornará réu e responderá a um processo penal no STF.

Somadas, as penas máximas previstas para esses crimes podem chegar a quase 40 anos, caso Bolsonaro seja condenado.

A uma plateia cheia de aliados e apoiadores, Jair Bolsonaro ironizou sua eventual prisão.

“O tempo todo [falam]: ‘Vamos prender o Bolsonaro’. Caguei para prisão!”, disse.

IBolsonaro manteve sua apresentação como pré-candidato à Presidência da República em 2026 mesmo ainda estando nelegível até 2030, por condenações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Jair Bolsonaro disse que podem existir pessoas “mais preparadas” do que ele, mas que somente ele tem o “couro mais grosso”.

Bolsonaro em evento do PL nesta quinta-feira 20

O ex-presidente fez, ainda, apelos aos correligionários para que deem a ele “50% [dos deputados eleitos] para a Câmara e 50% [dos senadores eleitos] para o Senado” em 2026.

“[Eu] mudo o destino do Brasil [com essa bancada]”, afirmou.

Jair Bolsonaro voltou a dizer nesta quinta-feira que sua “prioridade” é a aprovação de um projeto, no Congresso, que perdoa condenações de condenados pelas depredações às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023.

Nos últimos dias, ele fez o apelo pessoalmente a parlamentares aliados na Câmara e no Senado.

As duas Casas têm projetos para perdoar condenações criminais de manifestantes do 8 de janeiro de 2023. O texto mais avançado está na Câmara dos Deputados e aguarda análise de uma comissão especial, que ainda não foi instalada.

Pelo projeto, todos que participaram de “manifestações” com motivação política e eleitoral, ou as apoiaram, por quaisquer meios, inclusive contribuições, doações, apoio logístico ou prestação de serviços e publicações em mídias sociais e plataformas, entre 8 de janeiro de 2023 e o dia de entrada em vigor da lei.

A última versão do relatório da proposta apresentada pelo deputado Rodrigo Valadares (União-SE) não anistia, porém, crimes como depredação a patrimônios públicos e históricos.

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