“Condições extremas”, dizem turistas que faziam trilha com brasileira desaparecida na Indonésia

Juliana Marins caiu à beira de um vulcão, na Indonésia, está há mais de 3 dias à espera de socorro

Neblina densa, frio intenso e terreno escorregadio. Turistas relatam condições extremas em trilha onde a brasileira Juliana Marins desapareceu na Indonésia

Juliana caiu à beira de um vulcão e está há mais de 48 horas à espera de socorro em cenário marcado por neblina e baixa visibilidade.

Através das redes sociais, a família da jovem confirmou que o salvamento foi interrompido nesta segunda-feira (23) por conta das condições climáticas na região.

A beleza da trilha que leva ao topo do vulcão Rinjani, na Indonésia, esconde desafios extremos.

Vulcão Rinjani, na Indonésia, esconde desafios extremos.

Foi nesse ambiente hostil, marcado por temperaturas muito baixas, neblina espessa e terreno escorregadio, que a brasileira Juliana Marins desapareceu. Ela já está há mais de 48 horas à espera de resgate.

O cenário, descrito por turistas como “de outro mundo”, incluía chão de cascalhos, nuvens baixas e a vista encoberta para o lago Sinara Anak. A trilha, que costuma durar dois dias, se transformou em um drama de sobrevivência.

Juliana, de 26 anos, natural de Niterói (RJ), formada em publicidade pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, nadadora e praticante de pole dance, embarcou sozinha em uma viagem pela Ásia. Passou por Filipinas, Vietnã e Tailândia antes de chegar à Indonésia, no fim de fevereiro.

Juliana Marins caiu à beira de um vulcão, na Indonésia

Foi lá que decidiu escalar o Monte Rinjani, com mais de 3 mil metros de altura, acompanhada por um grupo de cinco turistas e um guia local.

Entre os integrantes do grupo estava a italiana Federica Matricardi, que conheceu Juliana um dia antes da trilha. Federica lembra do esforço necessário para subir a montanha em condições climáticas difíceis — e da frustração de não ver a paisagem por conta da neblina. Após acamparem no caminho, o grupo retomou a caminhada por volta das 5h15 da madrugada.

“Estava muito frio, e foi muito difícil (…) começamos a caminhar juntas e alguns rapazes foram mais rápido”, contou Federica. Ela seguiu à frente, com outros turistas, enquanto Juliana permaneceu mais atrás, acompanhada pelo guia.

Outro turista, o francês Antoine Le Gac, destacou a precariedade das condições naquele momento: escuridão, terreno instável e pouca visibilidade.

“Durante a trilha, tínhamos diferenças de nível. (…) no momento do acidente, eu estava bem na frente. Ela estava sozinha com o guia. Era muito cedo, antes do sol nascer, em condições de visão ruins, com uma simples lanterna para iluminar terrenos difíceis, escorregadios”, relatou Antoine.

Segundo autoridades locais, Juliana teria caído cerca de 300 metros abaixo da trilha, próximo ao ponto mais alto da montanha.

Horas depois, outro grupo conseguiu localizá-la usando um drone. Ela estava presa em uma fresta na rocha, sem conseguir se mover. Vestia calça jeans, camiseta, luvas e tênis — sem agasalho, apesar do frio intenso. Além disso, estava sem os óculos, essenciais para ela, que tem cinco graus de miopia.

Juliana foi filmada por drone a 300 metros abaixo da trilha, dentro de uma fenda, sem casaco

A notícia do acidente chegou ao Brasil na sexta-feira (20), por meio de redes sociais.

A irmã de Juliana, Mariana Marins, inicialmente não acreditou, mas reconheceu a jovem pelas roupas e pelo rosto nas imagens enviadas. Desde então, a família vive uma rotina de angústia, lutando para obter informações confiáveis à distância.

“A verdade é que, a gente descobriu isso em contato com pessoas que trabalham no parque, é que a Juliana estava nesse grupo de cinco pessoas, sim, com um guia. Porém, a Juliana ficou muito cansada, pediu pra parar um pouco (…) eles seguiram em frente. O guia não ficou com ela. (…) As informações que a gente tem também, vindas do parque, são de que a Juliana entrou em desespero porque não sabia o que fazer — e aí acabou culminando no sumiço dela. Quando percebeu que ela estava demorando muito, ele chegou. Ele chegou e viu que ela tinha caído lá embaixo”, contou Mariana.

Além da incerteza, a família ainda precisou lidar com boatos. Um vídeo falso sugerindo que Juliana já havia sido resgatada chegou a circular entre parentes e amigos.

“Chegamos a comemorar. Foi um choque descobrir que era mentira”, desabafou Mariana.

O embaixador do Brasil na Indonésia admitiu, em ligação registrada pelo Fantástico, que repassou informações erradas no início, com base em relatos imprecisos das autoridades locais.

Ele também informou que as equipes de resgate chegaram ao local onde Juliana havia sido vista pela última vez, mas não a encontraram mais. As buscas foram ampliadas com drones equipados com sensores térmicos, mas a forte neblina interrompeu a operação.

A família ainda compartilhou que não sabe o estado de saúde da jovem, que está há três dias sem água, comida e agasalhos. O Parque Nacional do Monte Rinjani, onde fica a trilha onde a brasileira caiu, segue aberto com as atividades ocorrendo normalmente e com a presença de turistas.

Apesar da angústia, Mariana continuava acreditando na sobrevivência da irmã: “Eu acredito que minha irmã está viva.”


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