Por Victório Dell Pyrro
A farra de dinheiro público despejado em ONGs que parecem nem existir persiste como uma praga a corroer o dinheiro que poderia sim, estar sendo aplicado na educação, no esporte ou até mesmo em outras áreas como lazer.
Mas os nobres parlamentares se superam e encontram um jeitinho pata mandar milhões para lugares suspeitos, como as ONGs investigadas em escândalos de corrupção.
Desta vez o Ministério Público e as autoridades policiais federais e locais deveriam fazer uma investigação profunda sobre o envio de nada menos que R$53,3 milhões para ensinar crianças a jogarem joguinhos de Internet que não dão futuro algum, nem como esporte nem como jogadores profissionais.
Parlamentares do Distrito Federal destinaram os R$ 53,3 milhões, em dois anos, para a Associação Moriá, uma entidade chefiada por um ex-cabo do Exército, um motorista e uma esteticista. A maior fatia do valor milionário, de R$ 46 milhões, foi enviada a um programa para crianças e adolescentes aprenderem a jogar os games Free Fire, Valorant, LoL, Teamfight Tactics e eFootball.
Para se ter uma ideia do tamanho do engodo, não é obrigatório fazer um curso para se jogar Free Fire, Valorant, League of Legends (LoL), Teamfight Tactics (TFT) ou eFootball. Todos esses jogos são intuitivos. Alguns são de dar tiro ema outra pessoa!
Isso mesmo, são jogos violentos que envolvem matar adversários virtuais na bala.
Os parlamentares que mais enviaram dinheiro para o projeto de jogos on-line foram o deputado federal Fred Linhares (Republicanos), que indicou R$ 27,6 milhões, e o senador Izalci Lucas (PL), responsável por R$ 15,5 milhões.
Essa é a segunda vez que Fred precisa se explicar pessoalmente sobre emenda milionária estranha.
A bancada também não fica atrás e teve até Emenda suspensa.
Linhares não disse uma palavra sobre seus colegas deputados federais e ele própro que destinaram R$26 milhões para uma outra ONG, também, veja só, em Alagoas. Diga-se de passagem ONG investigada por desviar recursos públicos de emendas!
Daquela vez, o governo bloqueou o repasse e frustrou linhares e toda bancada do DF que assinaram a autoria como sendo emenda de bancada. Mas só bloqueou porque a imprensa séria, descobriu e denunciou.
Veja uma análise feita por experts em jogos:
🎮 Free Fire
Estilo: Battle Royale (tiro em terceira pessoa)
Intuitivo? Sim, bastante.
Complexidade: Baixa a média. Fácil de aprender sozinho.
Curso ajuda? Pode ajudar a melhorar mira, movimentação e estratégias avançadas.
🎮 Valorant
Estilo: FPS tático com habilidades (tipo Counter-Strike + Overwatch)
Intuitivo. Atirar é direto, mas as habilidades exigem prática, ou seja: quanto mais sejoga, mais se aprende as “manhas” do jogo.
Complexidade: Alta nos níveis mais altos. Saber posicionamento, economia de munição, funções de agentes e armas etc.
Curso ajuda? Sim, pode ajudar bastante. Principalmente para estratégias, mira e tática em equipe para diversão.
🎮 League of Legends (LoL)
Estilo: MOBA (Multiplayer Online Battle Arena)
Intuitivo? Não muito para iniciantes, mas depende mais de treino e capacidade pessoal para aprender sozinho.
Complexidade: Alta. Muitos campeões, itens, funções e mapa exigem estudo de quem quer vencer.
Curso ajuda? Sim. Aprender funções, builds, rotas e visão de jogo é fundamental.
🎮 Teamfight Tactics (TFT)
Estilo: Auto chess (estratégia com formação de times automáticos)
Intuitivo? Em parte. Visualmente simples, mas estratégico.
Complexidade: Média a alta. Sinergias, economia de benefícios e posicionamento exigem raciocínio e treino. Aulas até podem ajudar, mas exige um bom equipamento e tempo de jogo.
Curso ajuda? Sim, especialmente para entender as composições e o meta. Mas isso está na descrição do jogo para quem quer aprender sozinho.
🎮 eFootball (antigo PES)
Estilo: Futebol
Intuitivo? Sim, especialmente para quem já jogou FIFA ou PES. Joguinho simples.
Complexidade: Simples a Média. Jogar é fácil, dominar táticas e mecânicas exige prática, só isso.
Curso ajuda? Não
Conclusão: Todos são jogáveis sem curso. Isso mesmo; sem curso!
Além disso há muitos vídeos explucativos no YouTube, guias online, streamers e comunidades com conteúdo excelente para quem quer se aprimorar ou virar jogador profissional. Só que aí, não existe mercado.
Com base em ligas oficiais, torneios, plataformas de esports e dados públicos, é possível ver que o mercado é restrito.
Veja um levantamento do número de profissionais por jogo
Free Fire
Jogadores profissionais ativos: Cerca de 1.000 a 1.500 no mundo (em times oficiais).
Valorant
Jogadores profissionais ativos: Cerca de 2.000 a 3.000 no mundo (ligas VCT, Challengers, etc).
League of Legends (LoL)
Profissionais ativos: Estimados 3.000 a 4.000 no mundo (LCS, LEC, LCK, CBLOL, etc).
Teamfight Tactics (TFT)
Profissionais ativos: Muito menos — cerca de 200 a 500 no mundo.
eFootball
Profissionais ativos: Cerca de 200 a 500 jogadores no mundo.
Lembrando que foram R$ 53 milhões destinados para ensinar esses jogos que sequer mercado profissional têm.
A emenda mais gorda oriunda da bancada do DF, no valor total de R$ 37,9 milhões, foi enviada em dezembro de 2024 para o Ministério do Esporte, órgão responsável pela avaliação e liberação do repasse financeiro para a instituição.
O programa de gamers foi classificado na categoria de custeio, ou seja, a verba milionária pagará despesas como salários e aluguel, mas não haverá compra de bens permanentes para o DF.
Segundo a matéria do site Metrópoles que deu origem a essa matéria do BSB Revista, Associação Moriá, destinatária de R$ 74 milhões empenhados por meio de emendas parlamentares entre 2023 e 2024, é comandada por um corpo diretivo sem qualificação técnica para as atividades desenvolvidas. A entidade tem como diretor administrativo e financeiro José Vitor da Fonseca de Deus, um motorista que reside no Cruzeiro Velho (DF). A diretora operacional é Thais Pinheiro Freitas, uma esteticista que mora em Posse (GO), e a secretária é Danielle Bezerra da Silva, uma técnica em enfermagem de Águas Lindas (GO).
O Ministério do Esporte afirmou que “o projeto mencionado não é de iniciativa” da pasta. “Trata-se de recursos de emenda impositiva de bancada do Distrito Federal, portanto é de pagamento obrigatório. Informamos também que o termo de fomento foi empenhado em 2022, no governo anterior, e encontra-se em fase de prestação de contas. Por isso, ainda não houve nenhum repasse de recurso para a instituição”, afirmou.
A Associação Moriá disse, em nota, “que a atual gestão da entidade é formada por profissionais com perfis técnicos e sociais diversos, o que permite uma atuação multidisciplinar e alinhada aos diferentes eixos dos projetos desenvolvidos”.
O deputado federal Fred Linhares disse ao site que “seu papel se restringe à indicação de recursos ao ministério competente, responsável pela análise técnica, aprovação e execução do projeto apresentado pela entidade proponente”.
O senador Izalci Lucas disse que “o Jedis-DF é uma iniciativa da Associação Moriá, realizada em parceria com o Instituto Federal de Brasília (IFB) e o Serviço Social do Comércio (Sesc), e sua execução se dá por meio do Ministério do Esporte, que o aprova e o executa”.
A deputada Bia Kicis disse que “a indicação dos recursos foi feita por meio de emenda de bancada, por indicação do deputado Fred Linhares, e foi aprovada de forma coletiva, para um projeto que considero relevante: qualificação de jovens em áreas digitais, com foco nos jogos digitais e tecnologia, setores importantes para o futuro do DF e geração de emprego e renda”.
É preciso muito boa vontade do Ministério Público e da Polícia Federal para não fazerem uma devasa nessas emendas e na aplicação dessa fortuna!

