Ibaneis pede a Alckmin reunião com governadores sobre tarifaço

Ibaneis Rocha (MDB), governador do DF, se reuniu com o vice-presidente na manhã desta segunda-feira (28)

O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), se reuniu com o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), na manhã desta segunda-feira (28), e sugeriu encontro com governadores para discutir as tarifas impostas por Donald Trump a produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos. A medida entra em vigor dia 1º de agosto.

A reunião com governadores não tem data para ocorrer, mas a expectativa do governador é que aconteça antes de sexta-feira (1º).

“Vim trazer para ele um convite do Fórum de Governadores, todos os governadores muito preocupados, uns vão perder mais, outros menos, mas eu acho que nós temos condições de fazer um diálogo unindo toda a classe política brasileira em torno desse que é um problema nacional”, disse Ibaneis após a reunião.

O governador do DF disse que Alckmin concordou com a pauta. “Ele recebeu muito bem o nosso convite, e as nossas assessorias ficaram de marcar a data para que eu possa comunicar os governadores, para que a gente faça esse fórum aqui debatendo esse tema, que vai atingir muito a população brasileira”, pontuou o titular do Palácio do Buriti.

Segundo Ibaneis, após o encontro, pode-se avaliar a ida de uma comitiva de governadores a Washington para negociar as tarifas. O emedebista descartou a possiblidade de a anistia para os envolvidos nos atos do 8 de Janeiro entrar na discussão. Para o chefe do Executivo local, o momento é de debater assuntos que unam o país.

O tarifaço imposto pelos Estados Unidos sob a presidência de Donald Trump continua a provocar tensões comerciais significativas, especialmente com o Brasil. A medida foi anunciada em 9 de julho de 2025, como resposta direta ao processo judicial que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro, e prevê a aplicação de uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados aos EUA. A nova alíquota entra em vigor em 1º de agosto de 2025, conforme confirmado pela Casa Branca e pelo Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR).

Trump assumiu seu segundo mandato em 20 de janeiro de 2025, e desde abril vem reativando sua agenda protecionista. Em 2 de abril, o governo norte-americano já havia adotado uma tarifa inicial de 10% sobre importações de diversos países, inclusive o Brasil, como parte de sua política de “libertação econômica”. Essas medidas foram em parte suspensas por decisão judicial, mas a ofensiva contra o Brasil foi mantida e agravada.

Os setores mais atingidos no Brasil incluem a indústria de café, suco de laranja, produtos químicos, carne bovina, equipamentos industriais e o setor aeronáutico. Exportadores de suco de laranja já relatam prejuízos severos, pois os EUA compram cerca de 42% da produção brasileira. Pequenos cafeicultores também temem quebrar, já que os Estados Unidos representam um dos principais mercados consumidores do produto brasileiro. No setor químico, houve cancelamento em massa de contratos, afetando principalmente as exportações de resinas e fertilizantes.

A Embraer alertou que o impacto das tarifas pode ser tão danoso quanto os efeitos da pandemia de COVID-19. A empresa exporta 75% de seus jatos executivos e metade de seus aviões comerciais para os EUA. A WEG, indústria de motores e transformadores, já estuda redirecionar sua produção para unidades no México ou na Índia para evitar os efeitos da medida.

O governo brasileiro já ingressou com uma reclamação formal na Organização Mundial do Comércio (OMC) e anunciou que retaliará os EUA com medidas comerciais proporcionais, usando a Lei de Reciprocidade Comercial. Apesar disso, até esta data, os Estados Unidos não responderam oficialmente aos pedidos de diálogo enviados por Brasília. A última tentativa de aproximação brasileira foi feita em maio, sem retorno por parte de Washington.

Estudos da Confederação Nacional da Indústria (CNI) indicam que as tarifas podem provocar a perda de até 100 mil empregos diretos no Brasil e uma retração de 0,2% no Produto Interno Bruto. A economia brasileira, embora esteja projetando crescimento de 2,2% em 2025, pode sofrer pressões inflacionárias caso a crise comercial se prolongue.

Enquanto países como a União Europeia conseguiram negociar reduções tarifárias com os EUA, o Brasil permanece em situação indefinida. Com a entrada em vigor da tarifa de 50% prevista para os próximos dias, a expectativa é de que os impactos se intensifiquem e que o governo brasileiro busque acelerar acordos com novos parceiros comerciais para minimizar os prejuízos.


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