Moraes reage com obscenidade a sanção dos EUA e expõe desprezo pelo decoro em estádio do Corinthians

Por Victório Dell Pyrro

Poucas horas após ser oficialmente sancionado sob os parâmetros da Lei Magnitsky Global — instrumento norte-americano criado para punir agentes públicos acusados de graves violações de direitos humanos e corrupção —, o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes escolheu um gesto que dispensou palavras: levantou o dedo do meio em plena arquibancada, durante jogo do Corinthians em São Paulo, sob o olhar de centenas de torcedores e câmeras.

Levantar o dedo do meio significa em bom português “vá se foder”. Moraes manda Trump, os EUA, Magnitsky, eu, você e a dona Maria da esquina fodermo-nos . Isso mesmo. Baixo calão.

O gesto, capturado por uma fotografia que viralizou nas redes sociais, não foi apenas um ato de vulgaridade pública. Foi uma mensagem política. Uma espécie de escárnio direcionado ao cenário internacional, às instituições democráticas e, sobretudo, à opinião pública brasileira, que tem exigido mais transparência e menos arrogância das autoridades que se escondem sob o manto da toga.

Moraes, conhecido por decisões controversas e concentrações de poder inéditas dentro do STF, parece agora adotar a tática da afronta escancarada. Ao invés de se explicar ou manter a compostura institucional após uma sanção grave — que o coloca ao lado de figuras como ditadores, oligarcas russos e violadores de direitos no mundo inteiro —, escolheu zombar. Em um estádio de futebol, cercado de aliados e apoiadores, sua resposta foi debochada, desrespeitosa e simbólica.

O gesto obsceno é, também, um tapa na cara dos que ainda acreditam que o STF é um tribunal supremo, não um palanque pessoal. Nenhum ministro da Suprema Corte norte-americana ousaria semelhante comportamento diante de uma acusação dessa magnitude. Nenhum juiz europeu ergueria o dedo do meio à multidão no mesmo dia em que seu nome fosse associado à violação de liberdades civis. No Brasil, Moraes fez isso com sorriso no rosto — como se estivesse acima das críticas, acima da lei, acima do país.

O silêncio cúmplice dos colegas de toga e da imprensa amiga torna tudo ainda mais grave. Quando um magistrado responde à pressão democrática com obscenidade, não é apenas ele quem está em queda livre institucional: é o sistema inteiro que se desmoraliza.

A fotografia ficará registrada como um dos momentos mais vergonhosos da história recente do Judiciário brasileiro. Não pela irreverência do gesto, mas pelo que ele revela: um sujeito que está no poder enlameando uma instituição, um dos Três Poderes, e que perdeu qualquer senso de limite. E um homem que, sancionado por arbitrariedade grave cometida contra liberdades e democracia, reage com vulgaridade.

A democracia pede seriedade. Moraes entregou um dedo. O dedo, ele sabe bem onde enfiar. E olha que pode ser no meu. Mesmo assim, não dá para calar diante dessa palhaçada. Perdemos Manés, Eles, que sentam nessa atual quadra no TSE e no STF não derrotaram apenas o bolsonarismo. Derrotaram a nós todos. Derrotaram a decência. Derrotaram a democracia, debaixo do nariz de aliados tão sem moral quanto eles no Senado. Senadores que deveriam impedir esse esgoto pressionando o cúmplice Alcolumbre que nada faz.


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