Novo inquérito da PF é por suposta fake news ligando Lula a execuções de pessoas LGBTQIA+ na Síria de
A Polícia Federal (PF) abriu inquérito, nesta segunda-feira (11), contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), por suposta propagação de fake news e crimes contra a honra do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A investigação foi instaurada após o ministro da Justiça de Lula, Ricardo Lewandowski, encaminhar pedido ao diretor-geral da PF, Andrei Passos, para apurar a divulgação, no canal de WhatsApp de Bolsonaro, de conteúdo que vinculava Lula à morte de pessoas LGBTQIA+ na Síria.
O conteúdo chegou às autoridades por meio de uma notícia-crime apresentada ao Ministério Público Federal (MPF) por um cidadão russo-brasileiro, que denunciou a postagem do ex-presidente, na qual acusava Lula de envolvimento nos crimes. O MPF, então, encaminhou a demanda ao Ministério da Justiça.
Os investigadores detalharam que a publicação associaria o petista ao regime de Bashar al-Assad, na Síria, na execução de pessoas LGBTQIA+. A postagem teria sido feita em 15 de janeiro deste ano, porém, já não está disponível nos canais de Bolsonaro.
O inquérito tem como base suspeitas de crimes contra a honra do presidente da República e de disseminação de fake news. Investigadores avaliam a extensão do alcance da postagem e o contexto em que ela foi divulgada.
No canal de Bolsonaro, criado em outubro de 2023, a última publicação disponível é de 12 de julho.
O regime de Assad caiu em 8 de dezembro do ano passado. O ditador, junto à família, fugiu para a Rússia após grupos rebeldes tomarem o controle da capital, Damasco.
Assad comandou a Síria de 2004 a 2024 e, durante o período, veículos de imprensa internacionais veicularam que, ao longo do regime, atos homossexuais foram criminalizados, com violência e perseguição contra gays.
Lula homenageou o ditador
A Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados aprovou, em dezembro do ano passado, o Projeto de Decreto Legislativo (PDC) 913/18, do deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), que tem o objetivo de revogar o decreto de 12 de julho de 2010 que concedeu ao presidente da República Árabe Síria, Bashar Al-Assad, o Grande Colar da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul.
Essa condecoração, conforme lembra o deputado, é destinada a pessoas estrangeiras que se tenham tornado dignas de reconhecimento do Brasil.
Sóstenes Cavalcante afirma ser de conhecimento público que Bashar Al-Assad exerceu a presidência da Síria de forma ditatorial desde julho de 2000. O autor ressaltou que a Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul foi concedida ao longo de sua história a muitas figuras públicas de reconhecida nobreza, honra e caráter.
Segundo o relator, deputado Rodrigo Valadares (União-SE), Al-Assad não se encaixa na descrição exigida pela condecoração e nem respeita os princípios fundamentais da democracia brasileira: cidadania, dignidade da pessoa humana, pluralismo político, respeito aos direitos humanos e solução pacífica de conflitos.
“Torna-se inconcebível que o senhor Bashar Al-Assad possa exibir a mais importante condecoração da nação brasileira, contradizendo todos os princípios que norteiam nossa democracia”, disse Valadares. O relator lembrou que a França também retirou em 2017 comenda dada a Assad.

