CGU vai abrir processos contra 38 entidades da farra INSS, incluindo a de irmão de Lula; veja lista

Entidades estão envolvidas em descontos indevidos de aposentados e pensionistas do INSS

A Controladoria-Geral da União (CGU) está preparando processos administrativos contra 38 entidades suspeitas de envolvimento na farra do INSS, um esquema que fraudou milhões de aposentados e pensionistas por meio de descontos não autorizados em seus benefícios previdenciários.

Entre essas entidades, um dos destaques é o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), que tem como vice-presidente José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O Sindnapi é apontado como uma das principais entidades que movimentaram recursos ilegais nesse esquema bilionário.

Frei Chico é vice-presidente do Sindnapi. Segundo as investigações, a entidade arrecadou cerca de R$ 259 milhões por meio de mensalidades associativas entre janeiro de 2019 e março de 2024.

Contexto da Farra do INSS e Investigação

A investigação da CGU, em colaboração com a Polícia Federal, revelou que diversas associações e sindicatos fizeram cobranças indevidas e não autorizadas nas aposentadorias e pensões, utilizando até assinaturas falsas para efetivar os descontos. Esses descontos ocorreram principalmente entre 2019 e 2024, totalizando uma movimentação estimada em R$ 6,3 bilhões, causando enorme prejuízo aos beneficiários do INSS.

Em 2025, a Operação Sem Desconto cumpriu centenas de mandados de busca e apreensão e afastou servidores do INSS suspeitos de envolvimento no esquema, incluindo o ex-presidente do instituto Alessandro Stefanutto. A CGU assumiu a condução dos processos administrativos, buscando apurar as responsabilidades das entidades envolvidas e reparar os danos causados.

O Sindicato do Irmão de Lula

O Sindnapi, entidade sob a vice-presidência de Frei Chico, é apontado como a terceira associação que mais arrecadou recursos irregulares no esquema, contabilizando cerca de R$ 259 milhões arrecadados indevidamente no período investigado. O irmão do presidente assumiu esse cargo no sindicato por indicação de Lula, a quem teria pedido para que fosse acomodado em alguma posição dentro da entidade. O Sindnapi é ligado à Força Sindical e tem sede em São Paulo.

Apesar da entidade ser alvo das investigações da CGU e da Polícia Federal, Frei Chico não é formalmente investigado, segundo apurações recentes. A Advocacia-Geral da União (AGU) chegou a excluir o Sindnapi de alguns pedidos judiciais de bloqueio de recursos para ressarcimento das vítimas, gerando discussões políticas e entre investigativos. Ainda assim, a entidade é alvo permanente e o irmão de Lula tem sido cobrado por opositores para prestar esclarecimentos, inclusive no âmbito da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura as fraudes no INSS.

O sindicato nega irregularidades e afirma que apoia a investigação para identificar possíveis desvios e proteger os direitos dos aposentados.

Lista das Entidades Investigadas

A CGU prepara processos contra as seguintes entidades principais:

  • Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da União Geral dos Trabalhadores (SINDIAPI/UGT);
  • Confederação Nacional dos Agricultores Familiares Rurais e Empreendedores familiares Rurais do Brasil (CONAFER);
  • Master Prev Clube de Benefícios (MASTER PREV);
  • União Nacional de Auxílio aos Servidores Públicos (UNASPUB);
  • Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (CONTAG);
  • Centro de Estudos dos Benefícios dos Aposentados e Pensionistas (CEBAP);
  • Associação dos Aposentados e Pensionistas do Brasil (AAPB);
  • APPN Benefícios (AAPEN);
  • Associação de Aposentados Mutualista para Benefícios Coletivos (AMBEC);
  • Amar Brasil Clube de Benefícios (Amar Brasil);
  • Associação de Proteção e Defesa dos Direitos dos Aposentados e Pensionistas (APDAP PREV, antiga ACOLHER);
  • Associação dos Aposentados do Brasil (AAB);
  • Associação de Assistência Social à Pensionistas e Aposentados (AASPA);
  • Associação Brasileira dos Aposentados e Pensionistas da Nação (ABAPEN);
  • Associação Brasileira de Aposentados e Pensionistas do Instituto Nacional de Seguridade Social (ABRAPPS, antiga ANAPPS);
  • Associação Nacional de Defesa dos Direitos dos Aposentados e Pensionistas (ANDDAP);
  • Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Central Única dos Trabalhadores (SINTAPI-CUT);
  • Associação de Amparo Social ao Aposentado e Pensionista (AASAP);
  • Associação Brasileira dos Contribuintes do Regime Geral Previdência Social (ABRASPREV);
  • Associação dos Aposentados Pensionistas dos Regimes Geral e Próprio de Previdência Social (AAPPS Universo);
  • Associação de Amparo aos Aposentados e Pensionistas do Brasil (AMBAPEN Brasil, antiga ABENPREV);
  • Confederação Brasileira dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (COBAP);
  • Caixa de Assistência aos Aposentados e Pensionistas (CAAP);
  • Casa de Apoio ao Beneficiário Previdenciário de Aposentadoria e Pensão do INSS (CABPREV);
  • União Brasileira de Aposentados da Previdência (UNIBAP);
  • Sindicato Nacional dos Trabalhadores Aposentados e Pensionistas e Idosos de Mogi Guaçu (SINTRAAPI);
  • Central Nacional de Aposentados e Pensionistas – Associação Santo Antônio (CENAP.ASA);
  • Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical (SINDNAPI/FS);
  • Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar do Brasil (CONTRAF);
  • Rede Ibero-Americana de Associações de Idosos do Brasil (RIAAM);
  • Sindicato Nacional dos Aposentados do Brasil (SINAB);
  • Círculo Nacional de Assistência dos Aposentados e Pensionistas (CINAAP);
  • União dos Aposentados e Pensionistas do Brasil (UNABRASIL, antiga UNSBRAS);
  • Associação Nacional de Benefícios para Aposentados e Pensionistas (KEEPER);

A farra do INSS evidencia fragilidades no controle administrativo dos benefícios previdenciários e revelou um esquema com profundo impacto social, prejudicando milhares de aposentados e pensionistas. O vínculo político do irmão do presidente Lula com uma das principais entidades investigadas traz repercussões políticas, com pedidos de esclarecimento e convocação na CPMI do INSS, que estuda ouvir Frei Chico no futuro.

Por enquanto, acordos no congresso deixaram Frei Chico fora da lista inicial de convocados da CPMI, que priorizou presidentes das entidades investigadas, mas a pressão política e o debate público continuam fortes, e ele pode ser chamado a depor conforme novas apurações.


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